julho 28, 2008

Tempos atuais

Em tempos de assassinatos de PMs, corrupção, lavagem de dinheiro, greves nos hospitais, dou graças a Deus por não precisar de um médico, não ser mais um número das estatísticas brutais, por não possuir um carro imponente que seja cobiçado por bandidos, nem ter dinheiro para ser roubado.

Em tempos atuais, o melhor do que não ter, é não precisar ter.

Quem precisa de um carro de alto luxo, se um popular simples nos leva para os mesmos lugares? Quem precisa de um celular que faz mirabolâncias se a função principal qq aparelho pode fazer? Quem precisa de grande quantidade dinheiro se precisa-se tão pouco para viver?


Em tempos atuais, ter menos é melhor.


A violência e a impunidade nos aprisionam.


E nós estamos lá rodeados de grades, de vidros blindados, somos impedidos de escolher, de ter mais conforto, de ter liberdade de ir e vir, de ser e viver. Hoje pautamos toda nossa vida, nosso consumo está calculado, melhor perder pouco caso sejamos assaltados.


E lá se vão mais gastos com seguros, do carro, do computador, de vida.


Daí, de repente, me dou conta do que tenho em volta, não é muito. Algumas roupas que ninguém rouba, alguns livros que não estão na lista dos itens cobiçados pelos assaltantes... mas me deparo com uma riqueza sem tamanho: o que sou, o que estudo, a vida que levo e os meus gatos.


Estou aqui, sentada na cama, escrevendo um artigo, e eles estao a minha volta, ronronam, dormem, acordam, brincam, sobem em cima do laptop, querem mais atenção. Obedeço de forma cega, páro tudo e dou o que exigem, chamego.


Daí vem uma sensação de prazer inigualável: de segurança, de conforto e de extrema felicidade.


Aos meus queridos, FreDi e GiGi, dedico esse texto, pois em tempos tristes desesperados e sem esperança, só a inocência e carinho deles conseguem me deixar a parte, mesmo que por um pequeno momento, dessa história trágica que se tornou a vida.



julho 26, 2008

Existe a pessoa certa?

Passamos a vida deixando muitas coisas e muitas pessoas para trás com a idéia de que o que é nosso está guardado.

O emprego perfeito, a viagem dos sonhos, o homem da nossa vida...

Mas aí, nos deparamos com momentos legais, estamos satisfeitos no trabalho (apesar de podermos ganhar um salário melhor), estamos nos divertindo com aquele cara bacana que te faz rir e te leva aos melhores lugares, deixamos de viajar no feriadão por pura falta de planejamento ou comodismo, e simplesmente não nos damos conta dessas parcelas de felicidade.

Por que será?

Porque o tempo todo lidamos com as idealizações, e aí não tem como competir. Como o presente, o momento que está se vivendo pode concorrer com as mil possibilidades que o futuro pode oferecer?

Como saber que o moço que estamos envolvidas é o cara certo?

Como saber que está na hora de parar a caça, e que a partir desse exato momento não se está mais disponível no mercado?

Sinceramente, acho que não há certeza de nada, o que podemos fazer é ponderar. È fazer uma lista de prioridades e lembrar das horas difíceis de solidão e assim, tentar pensar que a felicidade do presente nos basta.

Deve-se lembrar daquela vez que você ficou com um cara ótimo e que não ligou no dia seguinte, nem na semana seguinte, nem nunca mais, e quando você o encontrou na noitada meses depois ele apenas te deu um oi seco.

Deve-se lembrar daquele namorado que não deu a mínima pros seus sentimentos e te traiu, ou se não traiu, te deu um pé na bunda sem mais nem menos e te deixou magoada se sentindo um lixo.

Ah, e aquele sábado que você ficou sozinha vendo novela, depois um filminho água com açúcar, comendo pipoca e chocolate sozinha?

Não vou nem lembrar as festas, as tantas festas de casamento que você foi sozinha, pois não tinha companhia...

E o dia dos namorados? E o reveillon? E o aniversário?

E deu uma baita vontade de ir ao show da Marisa Monte, ou da Maria Bethânia, ou da Adriana Calcanhoto, mas não deu, pois ir a esses shows sozinha é dose!

E da aquela vontade de ficar em casa no sossego... ou de sair, fazer programinhas light, cineminha, jantarzinho num lugar gostoso, mas com amigo da? No way!

Tem horas que bate saudades da noitada, do movimento, to jogo de sedução, mas são momentos pontuais, porque no dia a dia não tem nada melhor que já ter com quem contar, aquela voz grossa no telefone te ligando pra dizer o quanto está com saudade e quer te ver. Dormir abraçado, sentir a quentura do corpo à noite, fazer planos pro fim de semana e pra vida, viagens curtas, ficar em casa, um jantar com amigos, cuidar da casa tem outro sabor.

Os gatos viram filhos, os afazeres domésticos ganham outro brilho, o jantar, a escolha da roupa de cama, o programa de TV visto a dois é muito melhor...

De fato, saber se o cara é o tal certo pra gente é praticamente impossível, mas eu sou mais aquela máxima, “time que está ganhando não se mexe”, então é isso, vou caminhando feliz sem mexer no time, dessa forma, ganha eu, ganha ele, ganhamos todos.