Amigas desesperadas ligam pra mim, virei 190!

Ontem, recebi um telefonema de pedido de socorro. Não, não sou psicóloga, muito menos terapeuta... e quem me conhece sabe que estou bem longe disso ... mas amiga é amiga né? Elas ligam a gente escuta, aconselha, enfim...


"Amiga, me socorre, estou tendo problemas com um peguete"

TRADUÇÃO:
PEGUETE = Carinha que vc dá uns pegas, fica de vez enquando.

(Pensei... ai meu Deus! Mais uma apaixonada por um carinha escroto que a enganou e só que saber de trepar com ela e a coitada ta querendo romance, namoro, etc, tadinha!)

"Eu estou saindo com um carinha, gente boa, corpo lindo, vendedor da Casa e Vídeo, ele é do interior e veio pra estudar Educação Física, e pasme pois o sujeito é maravilhoso de cama e ele quer me namorar!O que eu faço? Não quero perder o FC!"

TRADUÇÃO:
FC = FODA CERTA

(Não, não, mil vezes não, eu não estava ouvindo aquilo, ai meus Deus, finalmente começo a achar que o mundo tem jeito e que as mulheres estão finalmente acordando pra modernidade! Minha amiga tá longe de ser aquelas bobinhas apaixonadas que esperam o carinha ligar no dia seguinte, ou que acha que sexo e amor são inseparáveis! Passo a admirá-la ainda mais e fico mais interessada em dar a tal consulta que ela tanto pedia ... "Sim Minha filha, madame HILAINE YACCOUB, vai tirar todas as suas dúvidas")

Mas o que está havendo, perguntei.

Ela: "Eu não quero me prender a nínguem, eu não quero namorar, eu falei pra ele, que só quero sexo, eu só quero mesmo o corpo dele, sabe? Eu só quero estudar o dia todo, trabalhar e quando der vontade eu procuro ele e dou, dou muito, só isso"

Eu: Mas vc disse isso pra ele com todas as letras?

Ela: "Disse sim, gosto de ser honesta, ele fica p. comigo, e eu não entendo, não é isso que todos os caras querem????"

Eu: Mas fofa, vc não pode dizer isso às claras assim, o cara tá longe de ser sujeito malandro da pista, ele foi criado dentro da cultura do namoro e do casamento, ele não está preparado pra ouvir a verdade nua e crua da realidade das mulheres modernas da metrópole"

Ela: "O que eu faço?"

Eu: Arruma outro correndo, mas dessa vez nada de nenhum jeca, arruma um malandro, um cara que sabe levar a situação. Que saiba jogar limpo com vc... entendeu? Que não vai ficar chocado de ouvir vc falando do que vc sente e precisa, um cara bom de cama, um FC, que tb tenha outras mulheres, assim ele não gruda, entendeu?"

Ela: "Ahhh, eu fiz tudo errado então... mas eu queria continuar trepando com ele, o que eu faço?"

Eu: TORPEDINHO FOFO é a resposta!

Ela: "Ah?Eu devo escrever? É isso?"

Eu: SIM, escreva para ele se redimindo e passe a falar o que ele quer ouvir, apenas isso. Vc não estará enganando o FC, apenas fazendo com que ele se mantenha próximo, porque uma outra amiga uma vez me disse uma vez e eu achei hilário: HOMEM NÃO SE DELETA, SE ARQUIVA"

O tal assunto terminou com a amiga eternamente agradecida desligando o telefone alegremente e a MADAME aqui, após terminar a consulta, foi dormir... e fiquei pensando naquela situação, e percebi uma coisa. Independentemente do gênero, as pessoas gostam de ser enganadas, pelo menos quando envolve sentimento ou relacionamento...

Fiquei pensando nas milhares de mulheres casadas que preferem não ver que seus casamentos estão falidos, ou que seus maridos estão traindo adoidado... Então pensei naquelas namoradinhas perfumadas que esperam pelos seus namoradinhos arrumadinhos noite adentro enquanto eles dizem que estão com os amigos, ou numa festa de família, ou então que apareceu uma emergência no trabalho...

Penso que as pessoas vivem mesmo de ilusões, homens e mulheres, vivem de imagens de perfeição que foram produzidas e reproduzidas ao longo dos tempos, NAMORO perfeito, CASAMENTO perfeito, FILHOS maravilhosos e excelentes alunos, SUCESSO profissional, etc... tudo isso formas de representação da sociedade perfeita, da sociedade dos sonhos...

Eu só fico me perguntando uma coisa, onde estão os amantes? onde estão os piores alunos? Onde estão os fracassados profissionalmente?

Porque para haver o sucesso o fracassso deve existir, até mesmo para que haja hierarquização do status, não é?

Bjão,

Hilaine