abril 28, 2006

A-M-I-G-O-S

Um dia escrevi para uma amiga que amigo é a família que a gente escolhe. Portanto, são muitas vezes mais importante que os laços sanguíneos.

Começo a contestar a idéia de que o sangue fala mais alto e que na família tudo se perdoa. Não sei...

Tenho amigos com problemas sérios com suas mães por exemplo. Onde esses não têm a menor afinidade com elas, a relação é de extemo conflito, falta respeito, carinho, etc...se pensarmos bem não há culpados. Nos relacionamentos tudo é uma questão de ação e reação, e eu falo de relacionamentos, seja com irmão, pai, marido ou até mesmo a mãe.

As brigas passam, as implicações e consequências chegam e depois de um tempo ninguém mais se lembra porque têm mágoa, porque brigou... enfim...

Acho que essa coisa da importância da mãe é uma questão cultural. Essa idéia de que há um instinto natural de ser mãe é furado. Até porque encontramos muitas mães que não têm a menor vocação para a maternidade, não têm aquele comprometimento com a cria, como acontecem com TODOS os animais irracionais, esses sim, têm instinto.

A sociedade nos exige e nos coage a ser mãe, a parirmos seres, mas fico me questionando se não há centenas de mulheres que se tornam mães sem a real vontade e vocação para tal. Até porque viver em função do outro é uma questão complicada e filho cresce achando que pode tudo com a mãe.

Aprendi com a minha que mãe tem vontade, mãe chora, sente dor, mãe não tem o dever de perdoar tudo, porque mãe é ser humano, mãe erra, mãe vacila, e a mãe não tem obrigação de te dar o melhor pedaço da torta se ela também tem vontade de comer! rs...

Mãe dá muito, mas também quer de volta. Minha mãe, dona Celina, sempre disse que o ditado "ser mãe é padecer no paraíso" nunca coube a ela, porque as pessoas pensam sempre a mãe como aquela coitada sem vontade que abdica tudo em prol dos filhos.... não para dona Celina, imagine... rs... tudo por causa de Nossa Senhora, mas fala sério, ela era a mãe de Jesus, eu estou muito longe de ser parecida com ele, rs...


Foi duro, durante muito tempo eu sentia falta de ter uma super-mãe, daquelas que fazem a comidinha preferida do filho (minha mãe não faz idéia do que eu mais gosto de comer, rs), paparicam os filhos e sempre dão os melhores pedaços de torta pra eles.

Mas olhando pra mim, vendo o que eu sou, no que me transformei, começo a achar que essa independência toda e a total consciência das vontades do ser humano me fizeram alguém mais pé-no-chão, e provavelmente um ser humano mais justo, liberal e compreensivo.

Hoje mamãe está lá, mais velha, mais sensível, mas não menos consciente. Acho que estamos aprendendo muito uma com a outra, eu a ensino a modernindade e ela me ensina a sabedoria da experiência. Uma troca muito boa. Mesmo nas brigas, nas loucuras e nos atos insanos... vejo que minha mãe é uma mulher-almodovar, como eu, sempre a beira de um ataque de nervos!

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