Esse fim de semana encontrei uma companhia no mínimo muito especial.
Nada de namorado, nada de amigos, nada de família. Fiz um retiro.
Passei o weekend na companhia de mim mesma, no maior estilo taking-care-of-myself, fiz as as famosas coisas de mulézinha, cuidei do meu armário que precisava de uma arrumação, reformei algumas roupas (botões foram pregados, bainhas foram feitas), fiz um bolo de chocolate mega, com direito a cobertura e tudo, e vi muitos filmes, todos do Woody Allen.
Comprei o box há algumas semanas e não tinha tido tempo de assistir nada.
Encontrei o tempo.
Ele finalmente apareceu.
Vi A Rosa Púrpura do Cairo, depois Hanna e suas Irmã... e agora a noite vou ver Dorminhoco.
Sim, para muitos o Woody é chato (olha eu sendo íntima), mas foi a companhia perfeita.
Acho o texto muito rico, as piadas sutis, e o enredo sempre inovador. Adoro ver os maridos sempre cheios de tesão pelas irmãs de suas esposas (lembro tanto do nosso Nelson Rodrigues), ou então ver aqueles personagens hipocondríacos que não se cansam de falar em pílulas, calmantes ou ataques cardíacos... esses sim, sempre estão nos melhores diálogos, onde acabam fazendo reflexões sobre a essência do ser humano e a razão de sua existência numa grande cidade.
Os casamentos se firmam e se diluem numa facilidade enorme, e todos os personagens têm analistas, e se analisam no filme e se fala muito em Freud, Jung... a trilha sonora sempre um Jazz, as vezes, rola uma canja de um grande músico, Cole Porter, por exemplo.
Ou seja, os filmes do Woody Allen tem a cara dele, tem o tom que ele quer, as pessoas se vestem de formas parecidas (quase sempre muito conservadoras), frequentam concertos, óperas, livrarias e cafés da moda. Bebem sempre um bom vinho, ou um excelente uisque, frequentam bons restaurantes, apreciam boa música, fazem análise, e são pessoas com opiniões fortes e muito bem formadas.
A religião também aparece, e o judaísmo vira e volta é tema a ser colocado em pauta.
As crianças estão lá, e sempre têm papel terciário no filme, na maior parte das vezes só figuração. E as mulheres têm papel central sempre, seus amores, seus casos, suas crises existenciais competem com a egotrip de Allen.
Sim, passei o fim de semana ao lado de alguém egocêntrico, genial e muito interessante, Woody Allen cumpriu o seu papel.
Talvez próximo weekend-without-boyfriend eu vá querer a companhia de alguém mais intenso e mais sexual, talvez Almodóvar... vou pesquisar.
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