maio 03, 2006

Quando o Amor vira Amigo

Uma das coisas mais curiosas da vida é a transformação do amor.

O amor começa como com uma espécie de interesse ou admiração, rola uma curiosidade, "quem e ele?" "Quem é aquela gracinha?" Os olhos se cruzam, os sorrisos nascem, os sinais surgem como possibilidades... ("vá adiante, ela parece estar interessada em você")

Ele chega perto, tenta puxar assunto, tenta encontrar um ponto em comum, uma pequena afinidade que seja, falam sobre cinema, sobre trabalho, sobre gastronomia, blá-blá-blá...
Os olhos continuam se cruzando, os sorrisos já encontram espaços e dependendo do que se diga, as gargalhadas surgem... no começo todo mundo é sempre muito engraçado e tudo é motivo de riso.

Uma risada nervosa, tensa. Um falso sentimento de leveza, de se sentir a vontade na frente daquele desconhecido que por algum motivo parece estar interessado em você. "Ai meu Deus, como será que está o meu cabelo?" rs

A próxima etapa é o contato físico, braços encostam-se, aquela roçada que na hora parece ter muito mais importância do que realmente é. A gente encosta em tanta gente na rua, nos esbarramos na calçada, sentamos ao lado de centenas de pessoas nos ônibus, estamos sempre em contato com a pele dos outros, mas por algum motivo especial, a primeira encostada na pele daquele carinha tem uma dimensão enorme, chegamos até a sentir cada pêlo, cada centímetro daquela pele...

O beijo vem em seguida, a gente sente ele tentando encontrar uma forma delicada de chegar, de invadir nossa boca. A gente já deu todos os sinais, "vem que eu também quero te beijar"... mas ele não quer ser invasivo, procura a delicadeza, o momento certo.

O momento chega, as bocas se tocam, a gente sente o sabor, a quentura da língua...os braços nos envolve, tudo fica mais saboroso, tudo fica mais leve.

Começo a ficar tensa durante o beijo, "o que será que ele va falar com o beijo terminar?"
Ele não fala nada, sorri.

Estamos juntos, apenas isso.

O tempo passa, o namoro se concretiza, outras aflições surgem, a primeira transa, a primeira visita a casa dos seus pais, a primeira noite que passa em sua casa, bem... até tudo se tornar muito familiar demora, e acontece, chega e se estabelece.

O tempo passa, aquela paixão do começo se transforma em algo mais forte, será amor?
Ou será uma paixão estabelecida? Quando temos certeza que estamos amando?Qual o indicador?

Vou chamar de amor sim. É mais bonito. E se não for amor, paciência.

O amor fica dentro da gente por um tempo, a gente externaliza, se doa, recebe, promete, jura, faz planos... o tempo passa.

As promessas começam a se desmoronar e não encontram chance de se concretizar, as juras começam a ficar mais opacas, menos claras, mais nebulosas... a dúvida começa a aparecer.

Surge enfim o medo, o medo da perda, da destruição dos sonhos, do fim daquilo que se construiu, afinal de contas o casal passou por várias etapas, há uma história nisso tudo, há um pedaço grande da vida, um investimento pessoal nisso tudo. Não dá pra acabar assim de uma hora pra outra.

E não acaba, se transforma.

Continua sendo amor. Um outro amor, um amor que muitos não têm, não entendem, não vivem.

Eu quero viver sim, esse outro tipo, amor desinteressado, terno e fraterno.

Porque uma história de amor sempre será uma história de amor, mesmo que essa viva dentro da memória não deixa de ter seu significado, sua importância e sua essência.

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