setembro 12, 2007

Em prol ao resgate do coquetismo feminino

Nós mulheres, e estou me referiendo aquela parcela pequena da população pertencente as camadas médias urbanas do Rio de Janeiro, estamos desacostumadas ao coquetismo. Sim, foram tantas as batalhas e diferenças a serem conquistadas e vencidas que me parece que endurecemos, ou apenas estamos acostumadas a uma praticidade latente que acaba por tornar tudo meio frio e sem um pingo de romance quando se trata de relacionamento.

A queima do sutiã nos deixou cicatrizes profundas e aparentes.

Suspiramos quando vemos comédias românticas, torcemos para que tudo fique bem no final, que a Meg Ryan ou a Julia Roberts consigam ficar com o Jude Law ou seja lá o mocinho que for... e quando trazemos para o mundo real, somos ansiosas, não deixamos a relação fluir e se o nosso pretê não toma a frente da relação como nós julgamos serem a forma correta, apenas o classificamos de gay, inseguro, imaturo e por ai vai...

Bate uma insegurança tremenda e antes que ele vá nos magoar e nos rejeitar, nós o fazemos, como uma simples forma de preferir a ação do que a reação... enchemos os ouvidos dos amigos, tiramos conclusões precipitadas, falamos da situação o tempo todo, e a relação que nem chegou engrenou, já começa desgastada... cheia de dúvidas, incertezas que são naturais e por que temos essa necessidades de pisar em terra firme?

Por que temos a necessidade absurda da certeza de algo que não há como se ter? Nos iludimos com as palavras que podem fazer parte de um discurso previamente construído... e pensando bem, nós também somos incertas para eles, a dúvida pertence aos dois, ele lá matutando e nós de cá enchendo os ouvidos das nossas terapeutas e amigos íntimos.

Começo é começo. Por isso, eu voto pelo retorno do coquetismo. O coquetismo com a arte de agradar, sem neuras, sem preocupação, apenas ser... ser coquete, ser agradável, e se tiver que rolar, vai rolar...

O adjetivo francês coquet, é utilizado por Rousseau para definir um dos principais atributos naturais da mulher. Coquete significa aquilo que é "provocante, que é agradável à vista. Para Russeau o coquetismo é natural a mulher. Por isso, a educação da mulher será em primeira instância regrar este coquetismo em relação a sua destinação particular para que ele se torne uma fina arte, a arte de ser agradável ao homem. A mulher deve aliar a seu coquetismo uma certa sobriedade, devem unir os bons costumes à beleza.

É isso.

Sejamos coquetes e ao agradar ao homem, e estou me referindo a ser uma boa companhia, divertida e sem pressão, sem tentar buscar uma certeza que não existe, uma verdade que possa ser relativa, apenas estar perto e curtir juntos momentos singulares, bater papo, dar beijos longos e incríveis, aprender a conhecer o outro sem atropelos, apenas estarem juntos, quem sabe como amigos para depois surgir algo mais intenso e profundo... dar tempo ao tempo.

Até porque, para Russeau, "A mulher vale mais como mulher e menos como homem; em tudo em que faz valer seus direitos, ela leva vantagem; em tudo em que quer usurpar os nossos fica abaixo de nós"

Mulher vale mais sendo mulher do que tentando ser homem, ao meu ver, um erro praticado por muitas feministas que entram numa de competir com o sexo oposto utilizando as mesmas armas.






Referências: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou Da Educação; tradução de Sérgio Milliet. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, l995.

4 comentários:

milene portela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
caiojobm disse...

Sensacional este texto. Parabéns mesmo,o jeito que você percebe as reações do homem qto às atitudes da mulher é muito bem acertado. Todas as mulheres deviam ler isso. :D

Patty Kirsche disse...

Sinceramente, eu acho esse sexismo bastante exagerado. No fundo, somos todos seres humanos e essa expectativa constante de diferenças é parte da cultura machista vigente. Às vezes é conveniente para uns, às vezes para outros; o fato é que muita gente encontra desculpas para continuar reiterando lugares comuns sobre os gêneros. Por que não aceitar simplesmente que somos humanas e temos desejos, medos, frustrações e pronto? Por que não parar de tentar condicionar nosso comportamento de acordo com o que é esperado de uma mulher?

Anônimo disse...

muito interessante esse tipo de angustia e a sensação de falta de apoio nos antigos lugares sociais estabelecidos. A respeito sugiro a leitura de Simone de Beuvoir. Ha uma dissertação de mestrado que talvez te interesse pelo tema. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-18012011-123146/pt-br.php