Com licença poética
Adélia Prado
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta,
anunciou:vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza
e ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.
Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou.
Preciso dizer algo mais?
Beijos para todas as minhas amigas que carregam as bandeiras, estandartes e cruzes...
Achei esse poema no blog da Ana Paula www.3x4colorido.blogspot.com
Achei que seria demais colocar aqui...
beijos,
Hilaine
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