Sempre que vou trabalhar, quando sinto que a ponte rio-niterói não está engarrafada, costumo pegar o ônibus 996- Gávea...
Certa vez, estando dentro dele percebi que em todos os pontos dúzias de adolescentes entravam no ônibus, todos conhecidos, todos amigos, formando um grupão, no entanto, pra minha surpresa a viagem continuava extremamente silenciosa... (que estranho, pensei)
Como antes das 9h eu não sou ninguem, continuei na minha, naquele estado dorme-não-dorme sabe? Meio tantan... não dava pra pensar e nem reparar em nada direito, dei com os ombros e continuei tentando dormir...
Até que chegando na Rodoviária Novo Rio algumas pessoas desceram, outros adolescentes subiram... todos amigos, rindo... e o ônibus silêncio total...
Fiquei totalmente encucada, sim, sou curiosa mesmo, mas pense bem, o ônibus lotado, gente em pé, todos conhecidos e ninguém falando! Dava ou não dava pra deixar qualquer um encucado?
Passando pela Túnel Santa Barbara, virando a direita a garotada dá o sinal e todos descem...
Claro, pensei eu, na Rua das Laranjeiras fica o Instituto de Surdos, burra eu!
Na realidade, ali dentro do ônibus tava um barulhão, cheio de sinais, caras, caretas, etc... eu que não fui sensível o bastante para perceber...
Eu ali igual a uma tonta, perdida, enquanto o ônibus estava em festa!
Ali sentada no meio deles me senti marginalizada como nunca havia me sentido antes, totalmente excluída da festa, eu queria saber o que eles estavam conversando, do que será que estavam rindo? Será que algum deles é do tipo palhaço da turma?
Me deu um vazio enorme... me senti sozinha, e na mesma hora me veio a relativização... deve ser exatamente dessa maneira que as pessoas com necessidades especiais se sentem, presentes porém excluídas!
Toda os dias passo em frente ao Instituto e me lembro dessa episódio, e percebo como aquele lugar deve ser importante para aquelas pessoas, um lugar de confraternização, estudo e sobretudo socialização .
Qualquer dia eu tomo coragem, desço e vou lá fazer uma visita!
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viu? (by Ana Duzuza)
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