MÚSICA É PERFUME...

Segunda-feira gloriosa essa minha última.

Acordei sobressaltada, fui trabalhar, até ai tudo normal. Tive que ir embora mais cedo, resolver questões práticas do plano de saúde...

Pego o 996 (Gávea- Charitas), ônibus lotado. Venho em pé, dia lindo... céu azul, sem nuvens, sol brilhante... (adoro o sol quando vai chegando o inverno), no ouvido Chico Buarque, uma seleção que fiz pra esses momentos de trânsito... Cotidiano, Bárbara, A Rita, Construção, O que será...

O ônibus entra na praia de Icaraí e como costume dou uma olhada pro letreiro da UFF
E a palavra mágica estava lá... Maria Bethânia, minha musa.
Sessão às 17:20h
Olhei rapidamente pro relégio no alto do prédio... 17:10h

Era hora!

Desci do ônibus correndo, cheguei a tempo. Entrei na sala escura, sozinha.

O filme começa, a voz de Bethânia declamando um poema... lindo, me emociono, fico arrepiada.
Que vontade de amar naquele momento, que vontade de dizer eu te amo pra alguém ali, que vontade de segurar na mão de alguém... segurei nas mãos de Bethânia, minha companheira.

O filme não é tao bom, mas a voz de Bethânia salva tudo. Ela é extremamente inteligente e inebria. Fiquei assim, alta, nas nuvens, sai do cinema, dia anoitecendo...

Vim pra casa, olhando a praia, o anoitecer... lembrei que Bethânia detesta o anoitecer, ama o dia e ama a noite, mas a transição ela detesta... eu discordo. Eu amo o entardecer, amo o fim do dia e o começo da noite, porque amo a mudança, amo a transição, ela é necessária pra tudo, ela é vital para que o novo venha e o velho morra.

Estou assim, matando o velho cada dia em minha vida, e chamando o novo, vem!

Música é Perfume é o nome do filme. Isso porque ela diz que tanto a música como o perfume, quando são sentidos (e ouvidos) nos remetem a lembranças eternas em questões de segundos.
Lembranças de amores, de épocas, de pessoas...

O cheiro de um perfume, terra molhada, maresia, o pé de manacá... nos remetem a momentos em nossas vidas, momentos que se eternalizaram pelos sentido!

A música... Bethânia é minha companheira há anos... seja cantando Chico, ou Roberto... sua voz me rasga, entra em mim e faz um estrago enorme, uma desconstrução, algo desestruturante que dói e faz doer. Um mar de lembranças, saudades do que foi e do que ainda não foi vivido.
Ai que saudade do futuro!

Segunda-feira maravilhosa se passou, tive um encontro de amor, um verdadeiro encontro de almas, eu comigo mesma, sozinha, numa sala escura de cinema.

bjos,

Hilaine