outubro 26, 2006

A necessidade de ir devagar

Esse post é para o ansiosos como eu, os impulsivos, os neuróticos, os agitados, os apressados.

Porque após esses 28 anos (quase 30) aprendi a ver que ser assim só nos leva pra pior. Aprendi mas não pratico, o que na realidade é uma pena... mas a minha esperança continua e um dia eu vou ser equilibrada o suficiente para saber dizer: pára, não, não sei, deixa pra lá, vou ver depois, vou pensar, amanhã eu resolvo, vamos parar por aqui, até depois, depois a gente vê isso...

Frases que eu adoraria dizer mais, desculpas e pausas que me fariam muito melhor, pensar antes de agir, pensar antes de falar, pensar antes de resolver. Não entendo a minha necessidade de querer resolver os problemas de todo mundo, não entendo minha euforia e neurose de querer ver todo mundo bem, de me impor na vida e escolha das outras pessoas, de intervir na decisão alheia, pelo simples fato de achar que estou ajudando...

Não, eu não estou.

Se estou trabalhando, queria que o tempo passasse logo para dominar o projeto, se estou estudando queria logo terminar a tese, se estou namorando quero a intimidade extrema logo de cara e num esforço enorme, encaro o relacionamento como um aprendizado matemático, os gostos, as manias, as formas de agir, ficam todas catalogadas em um arquivo, aprendo rápido, presto atenção nas palavras, gestos, conversas, e vou traçando um perfil, analisando, conjecturando, costurando os hábitos, o passado e presente são parte do ensinamento... louco isso.

Mania de querer ser perfeita? Talvez...

Mas isso cansa.

Cansa a mim, e a todos os envolvidos, porque no fundo ninguém merece tanta energia da gente, porque depois essa energia falta pra gente mesmo.

Tenho amigas que entraram nesse ciclo vicioso de sempre serem ótimas, sempre pensarem em tudo e em todos, que um dia esqueceram delas mesmas.

Não quero esquecer de mim, porque eu sei que depois eu vou sentir falta de mim mesma. Porque modéstia parte eu sou uma ótima companhia, pra mim e pros outros, e perder meu brilho e cor não está nos meus planos.

Viver pros outros é um dom, isso é algo que poucos têm, e se encaram essa meta é porque são superiores e se esquecem de si próprios, viram semi-deuses, tal como os santos, Madre Teresa, Chico Xavier, os jovens da Toca de Assis... enfim...

Mas no nosso dia a dia, com as nossas necessidade e vivências é impossível, porque nem todos estão preparados para uma trajetória dessas, nem a gente para se doar, nem o outro para receber. Porque se doar demais nos faz mal, e receber demais também.

E tentar encontrar o equilíbrio entre doação e recebimento é a chave para a paz.

Paz interior e com os outros.

Eu vou parar(é preciso), dar um tempo, ir devagar mesmo, olhar pro lado, tentar perceber as cores do dia, tentar ouvir os sons, sem neura e sem expectativas, sem esperar nada em troca, porque o que tiver que ser vai ser, clichê mesmo, mas um dia me disseram que, às vezes, um clichê é necessário.

Voi lá

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