A primeira vez que ouvi foi deitada na cama com o Júlio, de repente me vi em lágrimas, ele ficou preocupado, perguntando se tinha feito ou falado algo errado, mas era a beleza da letra que me comovia...
Uma mensagem sobre as coisas simples da vida, sobre os cheiros, os sons, a forma brejeira de encarar a vida e ver beleza nas situações mais corriqueiras.
Lembro que quando estudava no segundo grau uma das matérias preferias era Literatura. Lembro que quando estudei a fase do romantismo (e nem é meu período favorito), mas uma das características mais marcantes para mim era a forma como os poetas transmitiam seus estados de humor.
Se há felicidade, o Sol brilhava, os passaros cantavam, se havia romance a Lua estava sempre cheia, se havia tristeza, a Lua estava minguante e chovia, e tudo era muito cinza...
Acho que na vida, muitas vezes, acabamos por internalizar e ver o mundo com o filtro do nosso estado de humor.
Tristeza e felicidade passam a ser filtros opostos que influenciam a maneira como enxergamos o que está a nossa volta, e assim também influenciam tudo que recebemos do mundo exterior, emoções, sons, cores, imagens, etc...
É como num máquina fotográfica (das analógicas) onde os filtros eram colocados na ponta das lentes e funcionava como um véu que se posicionava entre a imagem que o fotógrafo via o mundo, e o mundo que via aparecia para ele.
Muitas vezes não ver cores, não ver Sol brilhando não significa que eles não estejam lá.
Eles estão.
É o seu filtro que não está deixando a beleza que te rodeia passar pela sua lente.
O Sol pode não brilhar, o dia pode estar nublado, mas como não apreciar o dia nebuloso de uma tarde de domingo, chuva fina caindo, uma praia deserta?
Tudo depende do filtro na lente dos nossos olhos norteados por nossas emoções.
Há beleza sempre.
Quem sabe tendo consciência dos tais filtros em nossas lentes, possamos assim, relativizar os nossos estados de tristeza, desânimo, depressão... e ter a certeza que existe outros bons sentimentos a nossa volta, e o que estamos sentindo é apenas momentâneo e fugaz.
Ter certeza disso não é maravilhoso?
Tocando em Frente
Composição: Almir Sater e Renato Teixeira
"Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou nada sei...
Conhecer as manhas e as manhãs
o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumpri a vida seja simplesmente
compreender a marcha ir tocando em frente
como um velho boiadeiro
levando a boiada eu vou tocando os dias
pela longa estrada eu vou, estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs
o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega no outro vai embora
cada um de nós compõe a sua história
cada ser em si carrega o dom de ser capaz
e ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs
o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
levo esse sorriso porque já chorei demais
cada um de nós compõe a sua história
cada ser em si carrega o dom de ser capaz
de ser feliz"
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