novembro 05, 2006

Deixar de ser deus...

Queria aprender a saber esperar menos, não criar expectativas e uma vez criadas, não alimentá-las...

Queria poder ir ao cinema e não esperar muito do diretor e/ou do roteirista, para que a surpresa seja um componente adicional.

Queria poder ir a um restaurante e após correr os olhos no menu, e escolher a comida desse de cara com um novo prato favorito, um sabor incrível que fosse fazer parte das minhas preferências...

Não quero esperar nada das pessoas, mas espero.

E vivo fazendo projetos comuns, sem o outro tomar ciência. E num devaneio sobrenatural acredito que aquilo que projetei seja ideal, deixo para tras a surpresa, as mudanças não programadas, as vontades do outro que simplesmente nem entra nos meus planos.

E se o que eu espero não acontece, me frustro.

É como se eu brincasse de Deus, e com uma espécie de onipotência presente eu pudesse comandar e decidir tudo, numa autoridade tamanha, com minhas regras, valores, decido o que é bom, o que seria legal, o que seria aceitável.

Mas tô longe de ser Deus (ainda bem, rs), e num momento de sanidade me pego pensando sobre meu eu, minhas atitudes e as reações dos outros que me cercam... como é difícil ser perfeita, e o querer ser perfeita acaba por nos apoximar da vontade de ser uma espécie de deus (tudo vê, tudo sabe, tudo entende, tudo resolve), que horror!

E aprendo hoje a viver sem programar nada, ver no que vai dar... curtir a vida no presente, com tudo que ela está oferencendo nesse momento, agora.

Agora é a palavra.

Deixar fluir é a filosofia diária.

Porque o amanhã pode não existir, o filme pode não passar depois de duas semanas em cartaz, o restaurante pode fechar ou o prato preferido pode sair do menu, e outros podem entrar no lugar dele, outros tão saborosos quanto!

As pessoas que estão com a gente podem não estar mais, porque pessoas vêm e pessoas vão... amigos, namorados, casinhos... enfim.

Saber apreciar o que está a nossa mão, seja um papo no café da esquina com um passante desconhecido (e que por algum motivo quis travar um diálogo contigo) ou um tomar um sorvete italiano enquanto sua amiga desabafa contigo numa calçada qualquer sentada num banco de praça... deixar que as pessoas sejam elas mesmas, sem cobranças, sem medos ou receios, porque cada um é cada um: único, singular e ímpar!

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