janeiro 03, 2007

Cartas-Desabafo

Lendo a revista Cláudia esse fim de ano, descobri uma coluna que amei. A coluna da Fernanda Young onde ela escreve cartas para várias pessoas e aborda temas diferenciados, carta para um chefe mau caráter que quer te ferrar, para um parente que não te deixa em paz, para gente invejosa, para o cara que partiu seu coração... enfim... A revista nem é a minha preferida, mas a Fernanda é impagável, gosto do jeito dela ácido e irônico de colocar as idéias, queria ser um pouco assim... talvez um dia eu consiga, quem sabe.


Carta- Desabafo- Padrão

"Envio esta carta porque nunca mais quero você na minha frente. E dessa vez falo sério. Nunca mais quero ouvir a sua voz, mesmo que seja se derramando em desculpas. Nunca mais quero ver a sua cara, nem que seja se debulhando em lágrimas arrependidas. Quero que você suma do meu contato, igual a um vírus ao qual já estou imune.

A verdade é que me enchi. De você, de nós, da situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia, o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame.

... Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores e melhores que possam ser. Não quero mais nada que exista no mundo por sua interferência. Não quero mais rastros de você no meu banheiro.

Assim, chega... chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Pra quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? O tédio a dois - essa é a minha parte do negócio? Sinceramente, abro mão. Vou atrás de outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando. Mas faço questão de te dizer 3 coisas:

Primeira: você não é tão interessante quanto pensa. Não mesmo. Tive bem mais decepções do que surpresas o tempo que estivemos juntos

Segunda: não vou sentir falta do seu corpo. Já tive melhores, posso ter novamente, provavelmente terei. Possivelmente ainda esta semana.

Terceira: fiquei com certo nojo de você. Não sei por quê, mas sua lembrança, hoje, me dá asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou voltar a pensar em você pous uns dias.

Bom, era isso. Espero que estar carta consiga levantar você do estado deplorável em que se encontra. Mentira. Não espero nenhum efeito desta carta, em você, porque, aí, verei-me torcendo pela sua morte. Por remorso. E como já disse e repito, para deixar o mais claro possível, nunca mais quero saber de você.

Se, agora, isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se expurga um câncer sem matar células inocentes.


Adeus, Graças a Deus.

PS: esta não é mais uma dessas cartas-desabafo.
PS do PS: esta é uma carta-desabafo-quase-música-de-Adriana-Calcanhoto"

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