março 12, 2008

Edredon vermelho só em dias de frio

Fui assinante da revista TPM (trip para mulheres) durante uns anos, isso porque amo dois jornalistas que escrevem nela, o Xico Sá, que sempre cito aqui no blog, e também a Nina Lemos, que faz parte do 02 Neurônio e tem uma coluna na Trip, além de fazer algumas entrevistas centrais.

A Nina é meio antropóloga, amaria fazer o trabalho dela, se vai falar de funk, ela se mete num baile, se vai falar de moda, vai a desfiles, se vai falar de festa de casamento, se mete em festas de casamento e por ai vai, conhece personagens, narra histórias e dá cor ao que antes poderia ser sem brilho e vida.

Pois bem, a revista de vez enquando cria alguns temas centrais e seus colaboradores e reporteres devem escrever a luz da tal tematica... e uma delas uma vez foi sobre a dor.

Nesse sentido, vários profissionais colaboraram com o tema, alguns falaram da dor da morte, outros da dor de cabeça e a cura da enxaqueca, outros falaram da dor de ficar sem uma perna, e tantos outros falaram das suas dores...

A Nina e o Xico, dois solteirões convictos falaram sobre a dor da perda de um amor, da morte de um amor.

A Nina narra sua história falando da perda de um namorado que termina tudo com ela do nada, simplesmente tava tudo indo mto bem, até que ele chega com a novidade, ela estava amarrada nele, fazia planos como qq mulher faz... e dai conta de uma maneira sui generis sobre sua dor e como tentou lidar com ela.

Ela não saiu do sofá, e ficava embaixo de um edredon vermelho, quando comia, pedia uma pizza pelo telefone, as caixas vazias se amontoavam em volta do sofá, ela sofria, via tv sem prestar mta atenção, chorava até que um dia parou, as lágrimas tinham chegado ao fim, mas a dor continuava, abria os olhos, lembrava, doía, ai que dor... e chorava, ou choramingava.

Uns amigos entraram na casa dela num movimento de resgate da amiga triste e a levaram para uma festa, ela foi, usando uma micro saia, fez sucesso, mas doía mesmo assim. Mesmo se sentindo cobiçada, nao tava nem aí... a dor estava lá. Até que um dia o edredon no sofá da sala ficou lá parado e sem sentido, deu uma boa faxina na casa e no coração, e voltou a luta. O edredon vermelho enfim, ficou guardado no armário, de onde nunca deveria ter saido.

Em contrapartida, do outro lado da página estava a crônica do Xico Sá contando da perda de uma namorada, que ele tava de 4, gata toda vida, bom sexo, linda de morrer, deixou ele maluco, mas por algum motivo, a vida nao sorria mais pra ele, e a gata pulou o muro e foi embora. Ele ficou maluco, sofreu mto, e caiu na lama. Isso, macho quando sofre bebe, dança, beija e trepa muito. Encontra alívio nos braços de outras amantes, pagas ou não-pagas, mas todas sem a mínima importância... O macho junta os amigos, não fala no assunto, não desabafa, não critica, não faz análise, não ta nem aí, seu remédio é o sexo, é a putaria, e o entorpecimento, seja pela bebida, pela droga ou pelo sexo, ou por todas as essas coisas reunidas. rs...

Muito engraçada essa visão do sofrimento de dois solteiros sendo analisada através dos gêneros, homem e mulher, tão diferentes e tão parecidos, todos sofrem, mas assumem o sofrimento de maneiras distintas. Eu tenho um edredon vermelho, comprei faz tempo, e já fiquei deitada embaixo dele sofrendo por um ex-namorado que me machucou demais, lembrei do artigo da Nina e reli, era eu lá sofrendo, nao comi tanta pizza, e minha sorte é que eu ainda morava com os meus pais, que me faziam companhia, e além disso, tinha começado a fazer análise, o que me ajudou a entender a lógica do sofrimento da perda de um amor, devemos viver a morte dele, velar o defunto (o amor), e depois enterrar, fazer missa de 7 dia, e por ai vai, até que um dia , vc so vai lembrar dele no dia de finados... até que um outro morto entre no lugar dele.

Meu ultimo morto me fez sofrer, mas diferente de antes, não tirei o edredon do armário, alias, tirei sim, levei pra lavanderia e mandei lavar a seco, isso, assim, ele estaria preparado para ser dividido com outro amor, quando o inverno chegar e meus pés frios precisarem de companhia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo.

Anônimo disse...

Gostei do q escreveu sobre o coquetismo.Mas vejo muitas mulheres q o praticam para despertar o interesse amoroso do homem sem querer nada com ele. O q faz do coquetismo um jogo perverso.Rousseau escreveu um romance "Julia ou a nova Heloisa", um clássico em q a personagem luta para não amar e parece por isso amar mais ainda.

tiago.souzagraca@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Gostei do q escreveu sobre o coquetismo.Mas vejo muitas mulheres q o praticam para despertar o interesse amoroso do homem sem querer nada com ele. O q faz do coquetismo um jogo perverso.Rousseau escreveu um romance "Julia ou a nova Heloisa", um clássico em q a personagem luta para não amar e parece por isso amar mais ainda.

tiago.souzagraca@yahoo.com.br