março 02, 2006

O segredo de Brokeback Mountain

Esse texto eu peguei no blog de um amigo queridíssimo... Robério, mais conhecido como a Louca da Torre (www.aloucadatorre.blogger.com.br) . Se eu fosse vc´s fazia uma visita! Gargalhadas e entretenimento garantidos!

É um texto do Xexeu falando sobre o filme "O SEGREDO DE Brokeback Mountain",
nem preciso dizer que adorei, recomendo, e se vc ainda não viu, eu correria para assistir, vá de peito aberto, sem pre-conceitos, vá porque é linda a história de amor, porque o fato dos protagonistas serem do mesmo sexo é apenas um detalhe, porque história de amor sempre é uma história de amor, com seus dramas, suas lágrimas e sua alegria!

bjao,

Hi




Razão e sensibilidade

SOU DO TEMPO EM QUE OBRAS DE cineastas eram analisadas.
Buscavam-se pontos em comum numa filmografia e, assim, você aderia ou rejeitava este ou aquele diretor.

Hoje, não é mais assim.

E é difícil perceber o que leva um ou outro cineasta a fazer este ou aquele filme.
Tenho alguma simpatia por Ang Lee. Principalmente por "Banquete de casamento", "Comer, beber, viver" e pela obra-prima "Razão e sensibilidade".

Mas, sinceramente, não consigo perceber o que esses filmes têm a ver com "Tempestade de gelo", "O Tigre e o Dragão" e, principalmente, "Hulk".
Portanto, não foi o talento do cineasta, nem mesmo sua irrepreensível capacidade narrativa, o que me seduziu em "O segredo de Brokeback Mountain".

Também não fui atingido pelo escândalo que o filme provova ou pela importância política que lhe atribuem. Entendo que, hoje, nos Estados Unidos, na era conservadora imposta pelo governo Bush, o romance entre dois caubóis cause espanto.

O homem de Marlboro nunca mais será visto da mesma maneira.
Mas, vem cá, fora dos Estados Unidos, alguém ainda está preocupado com isso?
Os críticos aqui do GLOBO foram ferozes. "A obra não é transgressora, nem corajosa", gritou um bonequinho. "Um caso de projeto que foi parar na mão errada", acrescentou outro. "Um discurso clássico-narrativo fedido a formol", concluiu um terceiro.

Concordo que a obra não é transgressora, mas... e daí?

Discordo de que a narrativa seja velha ou que o classicismo da narrativa seja prejudicial à obra. Se há um talento que ninguém pode negar a Ang Lee é sua capacidade de contar bem uma história. E nem imagino o que seria "O segredo de Brokeback Mountain" em outras mãos.
Seria outro filme e não o que está sendo exibido agora. Só há uma maneira de se assistir a "O segredo de Brokeback Mountain" e aproveitar o que o filme tem de bom: entrar no cinema desarmado.
Se você ainda não viu o filme - será que alguém ainda não viu o filme? - esqueça a trajetória do cineasta, esqueça o impacto que o filme vem provocando na sociedade americana, esqueça, principalmente, a rabugice dos críticos e deixe-se levar pelo que é mostrado na tela.

"Brokeback Mountain" narra uma história de amor. Uma história de amor impossível, como as que rendem bons filmes. Mais do que mostrar o que acontece com um casal gay em que uma das pontas não assume sua homossexualidade, o filme mostra o que acontece com um ser humano que não assume seu querer. A linguagem é de melodrama. É bom levar óculos escuros para não dar bandeira no fim da sessão.
Eu comecei a chorar dez minutos antes do último plano e não consegui evitar alguns soluços. Filmes ruins não conseguem este envolvimento da platéia. Não pode ser por acaso também que, até agora, o filme já se aproxime de 50 prêmios desde seu lançamento, há pouco mais de três meses, no Festival de Veneza. E que, embora a entrega do Oscar só vá acontecer no dia 5 de março, ninguém duvide que receberá o prêmio de melhor filme.

Não há uma barbada como esta desde "Titanic", o ganhador de 1997. Mas não seria justo comparar "Titanic" com "Brokeback Mountain". O primeiro é um filme-espetáculo, e conquistou o mundo por esta característica. "Brokeback" vem conquistando o planeta por seu humanismo. Não resista. Entre no cinema deixando a razão do lado de fora, mas acompanhado de toda a sua sensibilidade. Tenho certeza de que o bonequinho que mora em seu coração vai aplaudir de pé. Artur Xexéo

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