Já começo a sentir na alma e no corpo a dureza que é morar longe e passar mais de tres horas diarias dentro do 996 (ônibus que liga Niterói a Gávea)
A paisagem já passa a nao ter tanta graça, o pão-de-açúcar nao me comove mais e a ponte parece ter pelo menos uns 40 km ao invés dos míseres 13km.
as musicas que ouço ja nem fazem tanto sentido, os livros passaram a ser sem graça, e eu fico lá, prestando atenção em cada sujeito que entra na condução na esperança de encontrar algum conhecido para pelo menos dar uma papeada de vez enquando.
Esses dias foi assim, fui me encontrar com o fabio e a aline para jantar, peguei o metrô e em 10 min, exatos 10 minutos eu já estava no Largo do Machado, fingi estar indo pra casa, e percebi como aquelas pessoas ali têm sorte. Me senti em casa na Praça São Salvador, suas ruas de paralelepipedos, o pipoqueiro, o jornaleiro, enfim, ali poderia ser o meu bairro!
Acredito que as outras 2h e meia que me sobrariam daria para eu fazer umas aulas, quem sabe de dança do ventre, ou de dança de salão!?ou de tamborim!
Terminado o jantar, fui pro ponto do ônibus esperar a condução para Além-Poça (como diria o Robério, um amigo querido), fiquei 40 min em pé, quando avistei o ônibus, meu coração pulou, porém murchou no momento seguinte quando o vi, grande, iluminado, emergencial e totalmente lotado.
Fui em pé no trajeto para Niterói... mais uma vez a ponte Rio-Niterói tinha uns 40 km, do lado de fora estava um breu, e fiquei apenas olhando meu reflexo cansado no espelho da janela. Ouvindo Clara Nunes, me deu vontade de ir pro mar, pisar na areia, como a serei cantada por ela ( "o mar serenou quando ela pisou na areia, quem samba na beira do mar é sereia") e que estava tocando no meu discman, companheiro inseparável nessa vida de viajante solitária.
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2 comentários:
meu, bem, aprenda a dormir. é o que eu faço, basta o ônibus dar uma terceira balançada... beijo, Robério.
Passei muitos anos na mesma situação. Tente pegar a Barca.
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