junho 26, 2006

Futebol é o ópio do povo

Marx não conhecia a população brasileira quando disse que a "religião é o ópio do povo", porque meus caros, se ele conhecesse com certeza mudaria a frase, e falaria em futebol, falaria em comoção nacional frente a um reles jogo da copa, falaria em fanatismo nacional, e... falaria em patriotismo?

Tenho lá minhas dúvidas.

O que vejo hoje é um estresse no trabalho, o jogo marcado para o meio-dia de amanhã está deixando todo mundo tenso, "será que seremos dispensados do trabalho?"
"Ele (o chefe) não poderá fazer isso conosco, nos deixar aqui sem ver o jogo!"

E o chefe ama futebo, e faz bolão, e acompanha os outros jogos e detalhe, tem uma Tv na sala, ótimo, fico sabendo de todos os resultados sem sair da mesa... rs

Pois bem, estão todos apreensivos, se vão conseguir chegar a uma tela de tv, ou telão, ou qq coisa que transmita o gramado verde a tempo... enfim, as ruas estarão loucas até 1 hora do jogo, e durante o jogo... que ninguém se acidente, que nenhuma grávide dê a luz, ou que nenhum fogo pense em se alastrar, porque não terá socorro algum!

Todos vidrados, ônibus parados no meio da rua com pista-alerta ligados, ninguém anda, ninguém corre, ninguém paga contas... o país pára!

Com o país parado, policiais e bandidos, traficantes e viciados, bons e maus, legais e chatos, chefes e empregados, todos juntos na mesma torcida, se unem numa só energia, num cordão firme de positividade, onde só o que interessa é se o Parreira tá dando conta, comentam sobre a feiura de Ronaldinho Gaúcho, sobre o dinheiro que o outro Ronaldo ganha, ah, e também sobre seu peso... enfim, todos dão pitaco, todos têm a sua escala, têm a sua opinião formada... todos são técnicos enfim, rs


Parece meio utópico, meio ultra-romântico demais, mas pra essa escritora aqui que não vê graça nenhuma em esportes (e isso inclui a copa sim, a do Japão foi ótima, passei dormindo) é a imagem que se vê. A do caos total.


O país parado, literalmente parado. As duas horas de jogo me lembram um momento propício para a barbárie, o que me assusta muito. Durante o primeiro jogo, lembro que dirigi de Ipanema a Icaraí (Niterói) e levei 20 minutos. A rua estava mais vazia que na madrugada quando volto das noitadas! O túnel rebouças fazia eco, a ponte Rio-Niterói vazia... o pedágio sem nenhuma alma viva, só os cobradores, que têm um chefe desgraçado que não os deixaram assistir o jogo! rs

Pois é...

Agora nessa fase do chamado mata-mata onde quem perde volta pra casa há motivos maiores para o medo crescer, uma vez que dá medo se o Brasil perder, dá um medo maior ainda se o Brasil ganhar.

Trabalho? Quando? Onde? Depois do jogo? Só pros garçons nos bares badalados e pros garis limpando os confetes e serpentinas no chão!

Vamos ver no que vai dar!

Ah, bom jogo pra vocês!

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