janeiro 24, 2007

Em resposta a Diogo Lyra

Para Rapazes e Moças II
por Hilaine Yaccoub

Em resposta a Diogo Lyra


Vejo-me hoje passando por uma transfiguração que os fatos me impõem, me sinto decepada como a tal lagartixa que acabara de perder o rabo, pois o a vida concreta nos exige mudança. Meu eu que não mais existe era bom demais pra esse mundo, viver na ingenuidade e sem proteção é um suicídio que demora a se concretizar, é como um conta gotas de sangue saindo dos nossos pulsos cortados... ficamos imóveis assistindo aquele vermelho se esvaindo, e não agimos porque esperamos que ele se estanque, só que ele não pára.

Olho o meu rabo cortado pulando saltitante, uma parte de mim que já não me pertence mais, um rabo ingênuo, ignorante de tudo e por isso feliz, como aquela parte de mim que se foi... Assim como a lagartixa, eu sofro com a perda do rabo, porque era uma parte de mim que acreditava e cria antes que me provassem o contrário, era um rabo cor de rosa, pertencente a um mundo de mesma cor... rosa.

Sinto-me dolorida pela perda do meu rabo, confesso que ele me faz falta, estou aleijada das minhas melhores crenças. Uma dor enorme se instalou e vislumbro uma nova realidade, mais consciente do bem e do mal (se é que existem mesmo essas forças duais).

Percebo- me mais realista ao vivenciar os fatos e ao me relacionar com as pessoas que me cercam, agora sem o rabo, vejo que muitos se utilizavam de máscaras, forjavam sentimentos... e hoje, ter consciência da real origem dos sentimentos delas, da falta de verdade que me trataram... bem, me incomoda muito, o tal rabo rosa turvava a visão.

Do mesmo modo que o autor-narrador dessa história insólita, paro pra fazer um julgamento, sem entrar no mérito de certo e errado, mas apenas tentar entender se os conceitos que tenho hoje são reais ou foram influenciados pelo filtro do tal rabo cor de rosa cortado.

Não, não sou o rabo da lagartixa, não o quero mais, porque ele me fez sofrer de uma dor que até então eu desconhecia, uma dor de amor, de um amor que não existia na realidade, só na minha cabeça, que foi recebido e percebido pela má influência do tal membro.

Hoje já cicatrizada, me sinto mais leve, o tal rabo me prendia ao chão, me fazia ter um peso a mais, sem ter a possibilidade de alçar outros vôos, concluo que ele era um peso de fato.

Olhando bem para o meu corpo, vejo brotar em mim um outro tipo de membro, o que á princípio me assustou “será que o rabo voltará a nascer?”... ainda está no começo como que se estivesse germinando, examino atentamente... parecem asas, ele (o membro) tem o formato de duas asas, pequenas, finas, arredondadas porém fortes, tal qual as asas de uma borboleta.

4 comentários:

Anônimo disse...

Saudades suas...

Estou durango, mas se descolar um troco te dou um beijo na pizzaria hoje, porque saiba que eu te amo muito!

Um beijo,

Léo.

Anônimo disse...

bem-vinda às flores, butterfly, agora que já conheces as carnívoras. é só distinguir pelo perfume. beijos.
Robério.

Anônimo disse...

Ora vejam só, que honra ser agraciado com uma resposta, sobretudo com uma tão bela...
Interessante ainda é perceber que eu publiquei este texto no blog justamente um dia depois do teu!
Valeu mesmo. É sempre bom contar com interlocutores tão prodigiosos.
Beijocas mil.

Anônimo disse...

Estava lendo blogs aleatórios e acabei caindo no teu.

Achei interessante a comparação que vc faz com o rabo da largatixa. Estou passando por um momento em que acabei de arrancar o meu e não sabia que doia tanto.

Parabéns pelo post.

(insidiosa07@hotmail.com)