março 24, 2007

Expulso do Beco do Rato

Pessoas, fiquei indignada quando meu amigo muito querido me contou que ontem ele havia sido expulso do Beco do Rato, bar que caiu no meu gosto por ser popular, livre e extremamente diverso...

Ele ficou tão triste e magoado que escreveu uma carta contando o caso e revelando seu total choque com o que sofreu, ele obviamente está chateado por ter sofrido tal violência.

Como todos me conhecem, apoio totalmente as minorias, e como boa moça que sou, estou aqui para levantar essa bandeira contra o preconceito, contra a violência ou contra qualquer forma estigmatizante de menosprezo.

"É com muito pesar que estou escrevendo essa carta, mas tinha que fazer isso. Não por querer levantar uma bandeira ou chamar atenção mais porque fui vítima de preconceito. Pior de tudo, sofri essa agressão justamente em um lugar que jamais poderia imaginar passar por tal, o bar Beco do Rato, na Lapa, um lugar aberto a todas as diferenças.
Falo isso porque esse bar é um lugar onde todos pareciam iguais, ou pelo menos, fingia-se aceitar as diferenças. Talvez porque essas diferenças agradem o dono do bar e delas ele consiga ganhar dinheiro – embora pensando dessa forma eu também era um consumidor e nunca deixei de dar lucro a ele, pois nunca comprei cerveja fora do bar, mesmo existindo vários ambulantes na rua, mesmo quando a cerveja acabava ou estava simplesmente fervendo, nunca me dirigi a um isopor e comprei sequer uma latinha.
Ou talvez a própria idéia de ser um lugar onde todos são aceitos é mais um jogo de marketing do bar para atrair pessoas das mais diferentes vestes, estilos, cores e sexo. Mas a verdade não é essa. Ontem, 23 de Março, fui expulso do bar por um beijo na boca dado semana passada. Vocês irão se perguntar, mas só por um beijo na boca? E eu responderei, beijo na boca sim, e de outro homem. Vocês continuarão se indagando, por que eu pensei que isso fosse aceito ali? Então vamos aos meus argumentos...
Aos que não conhecem, o Bar fica numa esquina de um apertado cruzamento da Lapa. Antes a roda de samba ficava no meio de uma rua sem saída, há pouco passou para dentro do bar. Amante inveterado das rodas de samba de raiz, descobri esse espaço há uns 10 meses e comecei a freqüentar as rodas de samba nas sextas-feiras. Tudo bem que antes com menos freqüência que agora, mas desde o começo vi o que a Lapa poderia oferecer em versão mais livre e permissiva.
O Beco do Rato não oferece apenas música de qualidade. As outras ruas do cruzamento sempre ficaram cheias de pessoas se divertindo livremente, e tão livremente a ponto de usar drogas como se isso não fosse proibido. Confesso que quando fui a primeira vez isso me chocou um pouco, mas como não tenho nada a ver com a vidas dos outros resolvi relaxar. Com o tempo descobri o porquê da falta de uma repressão policial e também o porquê do dono do bar não se importar em reprimir o uso de drogas nas proximidades. Ele, o dono do bar, é um ex-policial, logo contava com a “vista-grossa” dos seus amigos que muito raramente faziam uma ronda pelo cruzamento.
Todas as sextas, se vê o uso de maconha, cocaína e até mesmo êxtase. E pensei comigo mesmo, se as elas podem fazer isso tranqüilamente por que eu não posso beijar um homem? Afinal de contas existem muitos heterossexuais se beijando tranqüilamente sem nenhuma repressão e um lugar que finge que não vê drogas, também não verá um beijo homossexual, o importante nesse bar deve ser o consumo, e isso eu estou fazendo, levando até mesmo mais público HETEROSSEXUAL e HOMOSSEXUAL para se divertir comigo. Mas não foi isso que aconteceu...
Hoje a “rua das drogas” é vigiada por um segurança que pede, muito educadamente, para que o consumo seja realizado longe do bar. Esse mesmo segurança ontem me chamou pelo nome e falou: “Pierre, semana passada algumas pessoas ficaram chocadas por você ter beijado um homem lá dentro do bar. Você pode beijar quem quiser, mas beija pra lá”. Na hora fiquei meio constrangido, mas concordei.
Mais tarde percebi um outro homem, que até então não sabia ser o dono do bar, em um dos balcões me olhando sem parar. Até mesmo quando eu ia ao banheiro, o mesmo me seguia e abria a porta. Dançando e ainda notando os olhares, falei com minha amiga, “aquele homem está me vigiando” e apontei para ele. Nesse mesmo momento, o segurança, que já tinha falado comigo, me chamou e disse que o tal homem que não parava de me olhar queria falar comigo, e apresentou-o como o dono do bar. Logo entendi que sofreria mais uma vez repressão e constrangimento, então disse, “já falei com você, não quero falar com ele”, e quando ia sair daquela situação o dono do bar que já estava ao meu lado disse-me que queria conversar, eu falei “não quero conversar, já sei o que você vai dizer, você quer que eu não freqüente seu bar?”, e ele, “vai embora não volta mais aqui! Hoje estou só estou trabalhando por sua causa, nem era para eu estar aqui, só vim por sua causa!”.
Na mesma hora saí de dentro do bar e só não vim embora em seguida porque com a ajuda de amigos, compreendi que o dono do bar me expulsou de dentro do seu estabelecimento, mas não poderia fazer isso da rua, então continuei ali indignado – e agora sim consumindo cerveja dos isopores – tentando entender o que leva uma pessoa a fazer isso e só cheguei a uma resposta: PRECONCEITO.

Assinado

Pierre."



EU ODEIO GENTE PRECONCEITUOSA, meu desejo é que esse cidadão, dono do BAR BECO DO RATO no mínimo fique BROXAe sofra por um bom período de tempo preconceito pela sua incapacidade sexual.

E chega desse assunto. Se vc´s tb se sentiram mal ao ler a carta do Pierre, copiem, colem e repassem, não poderia deixar de levantar essa bandeira em repúdio a esse sentimento nojento que as pessoas insistem em nutrir...

Hi