fevereiro 28, 2007

Antes e depois... da chuva

Uma vez um amigo paraense me contou que em sua cidade natal as pessoas combinavam os programas a partir da chuva que caía no período da tarde... achei curioso, "vamos ao cinema depois da chuva?"

Essa expressão me veio a mente quando ontem eu me peguei sozinha lendo um livro no restaurante japonês enquanto esperava algumas amigas, minha irmã participaria do jantar e me ligou apressada... "Hilaine, eu já estou do seu lado da ponte, tô no pedágio!"

Fiquei pensativa... rascunhei alguns pensamentos num guardanapo...

Estar do outro lado da ponte, ou do lado de cá da ponte, ou do seu lado da ponte, etc, etc, etc, são expressões muito comuns aos niteroienses. É curioso ter 13 kilômetros de ponte que me separa do resto do mundo, pelo menos do mundo que me interesse e que eu entendo e chamo de meu.

É complicado saber que estou longe dos meus amigos, do meu lugar favorito, do melhor cinema, da pizza mais saborosa ou da paisagem mais marcante, isso tudo por causa de uma reles ponte...13 km de asfalto suspenso;

Nossos referenciais e tempo giram em torno desses 13 kilômetros... se trabalhamos no Rio, fazemos hora num happyhour por causa do movimento de volta pra casa, por causa do mau trânsito tal ponte. Se temos que chegar cedo ao Rio, acordamos mais cedo ainda na tentativa de calcular o engarrafamento que a ponte nos impõe diariamente.

Meus pais, moradores e amantes de Nikiti city simplesmente não entendem meu apego a cidade do Rio, reclamam do meu sumiço durante o fim de semana, mas é algo incrontrolável, eu moro e trabalho em Niterói, mas quando eu posso, e eu só posso durantes os fins de semana, eu nego minhas origens e me perco nas ruas agitadas, coloridas e ensolaradas do Rio.

Vida dupla cansa.

E a minha me faz sentir como se eu estivesse sempre fazendo uma viagem de reencontro, como alguém que namora a distância e só pode ver o amado durante as folgas e finais de semana. É assim... vivo com um, mas amo outro. E quando posso lardo o marido (Niterói) e vou ao encontro do amante (o Rio).

Os amigos e peguetes momentâneos me ligam e eu planejo, agendo e combino a partir das minhas idas e temporadas no Rio... E eles teiam em me fazer a pergunta "quando você vem pra cá?"

E eu tento encontrar os diferentes grupos, numa tentativa sempre frustrada de fazer todos os programas com todos os amigos... mas o que importa é que quando eu cruzo a ponte e chego na cidade que eu chamo de minha.

Eu simplesmente me sinto em casa, tiro o sapato e ando na rua descalça, deito no sofá e descanso os pés na mesinha de centro.

fevereiro 27, 2007

Só na Frescura!!!

Pois é... novas metas nesse pós-carnaval!

Hoje vou pra minha primeira sessão de massagem... estou animadissíma

Amanhã tenho podólogo...

e depois spinning numa academia nova, e essa é bem perto de casa!

Que esse ano promete, isso promete.

Já me chamaram pra fazer aula de dança, mas acho que se eu arrumar mais uma coisa pra fazer a minha dissertação trava de vez!

Tudo em prol da beleza, saúde e bem-estar, Ui!

Que eu to ficando mais fresca a medida que o tempo passa isso é fato... mas depoi desse carnaval o meu corpo anda precisado de um cuidado maior... relax, hidratação e muito carinho!

fevereiro 26, 2007

Tamborim alado

Pois bem, já contei aqui sobre o carnaval e como foi o melhor de todos os tempos, mas eu deixei de contar uma história... tudo isso para explicar a minha última aquisição...

Sim senhores, a blogueira que vos escreve comprou um TAMBORIM.

Ai meu Deus!

Bem, tudo começou durante a última saída do CACIQUE DE RAMOS... Estava eu de fantasia de anjo com uma amiga pulando sem parar, quando de repente, chega um rapaz pra lá de empolgado e feliz e me dá o tamborim na mão

"TOCA AÍ ANJINHA!" ordena o rapaz...

Eu fiquei com aquela cara de cú, sem saber o que fazer, comecei a fazer barulho, o tal sambista me ensina uns truques que são logo aprendidos e desaprendidos, as pessoas ao lado sofrem... e eu nem aí, a adrenalina da música e do samba invagem e tomam conta de mim e da baqueta em minha mão, faço um mega barulho disritmado e adoro...

Me sinto integrante da bateria do Cacique, uau, eu estava tocando com eles...

Junto do rapaz do tamborim estava a filha dele, Tamires, que me chamou até a sua altura, eu abaixei e ele me confessou que seu sonho era ser rainha da bateria da Beija-Flor... me derreti

Era minha escola, ela queria ser rainha da bateria da minha Beija-Flor, então... eu disse a menina de uns 6 anos... "se vc quer ser rainha de bateria, tens que ter um esplendor de plumas, mas como não temos um aqui pra vc treinar, eu vou te emprestar a minha asa"

Coloquei a minha asa de anjo na pupila e ela sambou mexendo os ombros como se carregasse um verdadeiro esplendor de plumas de pavão! Ela estava se sentindo, rebolava até o chão e tinha o passo marcado pelo surdo, a menina sabia o que estava fazendo

Eu olhando aquilo tudo, tocando o tamborim do pai dela, já tinha a certeza que tinha perdido minha asa, teria que comprar outra pro ano seguinte, e aquilo me dava um prazer sem igual.

No final do desfile do bloco, Tamires vem até mim devolver as asas, e quando dou a notícia que o esplendor era só dela uma alegria sem igual tomou conta daquela micro-rainha-de-bateria-da-Beija-Flor!

Pois bem...

Foi-se a asa e uma vontade enorme de aprender a tocar tamborim invadiu a minha vida.

Dei o primeiro passo: Comprei enfim o instrumento, de acrílico azul e baqueta profissional, agora me encontro a procura de um personal professor de tamborim, não quero fazer feio no próximo carnaval, alguns blocos já estão em mente... tenho o ano inteiro pra fazer contatos bloqueiros!

fevereiro 25, 2007

Indícios de traumas

Sexta-feira animada, muitos amigos indo ao mesmo lugar para comemorar aniversários diversos, show pra lá de esperado... um verdadeiro bailão de carnaval com pessoas famosas no palco.

Vou com tudo, decotão, perna de fora, maquiagem, cabelo, perfume impecavelmente bem cuidados, eu iria encontrar os amigos mais queridos, e estava ansiosa pra cair no samba. Era um pré-carnaval e eu estava seca pra abalar.

Chegando lá encontro todos pra lá de animados, amaram o lugar, minha indicação, fiquei feliz de ter agradado... Entro na pista e não saio mais. "Daqui não saio, daqui ninguém me tira"

Danço, danço e danço, sozinha ou acompanhada, apenas sinto o surdo e não consigo deixar o corpo parar. Me pego sendo olhada e desejada, minha amiga vem dar o recado, o que eu faço? Dou esperanças ao rapaz?

Ai... não sei.

Gatinho bem apresentável-do-tipo-interessante-que-dá-um-caldo.

Merda! rs...

Páro com tudo, fico com receio e encho minha amiga de perguntas... "Mas ele é canalha? Ou tem bom coração? Ele é do tipo que explora? Ou ele é trabalhador e paga suas contas?Ele é do tipo que mente ou joga limpo?"

Ela, amiga do peito, responde todas as perguntas com a maior paciência do mundo... sem levar em conta que as perguntas eram absurdamente mal colocadas naquele contexto... uma fofa, realmente.

Todas as respostas eram favoráveis... deixei o barco correr e it was great.

Mas me assustei com o que aquilo tudo significou... mil perguntas e medo do sexo oposto...

merda, merda, merda.

Coração arranhado é foda, quando vê uma possibilidade de dor treme de medo. O meu tremeu, mas depois do primeiro beijo... ahhhhhh... viva a serotonina, anestesia e dá uma sensação de felicidade sem igual... é isso, que venham os beijos e os chocolates, serotonina na veia 24h por dia sem cessar!

A moça e seus problemas

Quem me conhece sabe o quanto eu adoro a revista TPM, pois bem... uma das minhas jornalistas favoritas é a Nina Lemos, que também escreve um blog, o 02 Neurônio(http://02neuronio.zip.net/index.html)

Pois bem, uma das colunas desse blog feminino fala sobre as mulheres e os seus relacionamentos, até ai nenhuma novidade, as conversas-tipo-mulherzinha faz parte das nossas vidas em todas as esferas...

Mas hoje me deparei com um post da Nina pra lá de circunstancial... resolvi postar.

Aí vai...

Porque tem gente que passa e simplesmente acredita que ficou, pura pretenção... mas é como dizem, se a fila do outro anda, a nossa também tem que andar, porque afinal de contas, se a fila teimar em não andar a gente deixa a boa educação de lado e fura a bendita!


Corações partidos e baladas sangrentas


"Faz pouco mais de um ano. A moça carregava um coração partido em frangalhos e saiu de casa pela primeira vez para tentar se divertir. Doía tanto a porra do coração que a noite foi horrível. “Meu, desfila no meio dos caras com esse vestidinho e deixa que passem a mão na sua bunda”, recomendou o amigo macho. Ela teve que explicar que não ia adiantar. Ficou sentada num canto com o vestido muito curto completamente fóbica e infeliz. O máximo que conseguia dizer para quem se aproximava era: “terminei um relacionamento e to mal”.

Um ano se passa. A moça estava de novo com o coração partido (vai ter ganas de vivir assim no inferno, diria Wander e Fred 04 remixados). Vai a uma festa. Chega lá e se diverte com tudo, mas tudo o que aparece pela frente. Com os amigos que não páram de beber vodka, com a imagem de um Carrossel que não pára de girar, tudo é absolutamente divertido para ela, que desfila de shortinho na frente dos rapazes e colhe alguns elogios. Ei! O amigo estava certo. É só desfilar com as pernas de fora que...

Estava nada. Há um ano não teria jeito. O corte era profundo. Agora, com um arranhão no coração, até que dá para passar mercúrio cromo e desfilar sua graça. Se olhar no espelho e se ver do tamanho real (que é exatamente 1,63. E não os 50 centímetros que achou que media no dia em que se sentiu burra e sacaneada). Com os amigos do lado, vendo o nascer do sol na praia de Copacabana, a moça sabe que mede, na verdade, 1, 70. Ah, sim, Fernando Pessoa. “Eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura”.

Amigo punk que deu o conselho: tudo é uma questão do tamanho real da dor. Ano passado era de verdade. Esse ano era piração. Ah, sim, Renato Russo. “Porque que eu finjo que acredito no que invento?” Simples, Renato, porque não foi ela (a moça) que inventou sozinha a coisa toda. Foram lá e inventaram junto e depois saíram correndo. Mas deixa pra lá. A fila anda."

(Nina Lemos)

fevereiro 23, 2007

Você sabe que está envelhecendo quando....

. Fazer sexo em cama de solteiro é um absurdo;

. Há mais comida do que cerveja na sua geladeira;

. 6h da manhã é quando você acorda e não quando vai dormir;

. Você escuta a sua música favorita num elevador;

. Seus amigos se casam e se divorciam ao invés de ficarem e terminarem;

. Dormir no sofá te dá uma puta dor nas costas;

. Você vai na farmácia comprar remédio para dor de cabeça e anti-ácidos ao invés de camisinhas e testes de gravidez;

. Você come as comidas do café da manhã na hora do café da manhã;

. As roupas que você usava na juventude voltaram à moda.


(Mothern: www.mothern.blogspot.com)

fevereiro 22, 2007

Famosas...


A melindrosa e a anjinha na banda Rancho Flor do Sereno... na Sá Ferreira.

Fomos clicadas pelo site de pegação!

Ai meu deus!

Uhuuuuuuuuu!

Balanço do Carnaval

Depois de dias de intenso carnaval e 14 blocos bem pulados...

Eu sobrevivi.

Sim, as fantasias já foram guardadas e há planos para as fantasias do carnaval do ano que vem!

Nossa...

Algumas boas percepções do carnaval:

- melhor fantasia: a viúva da megasena. Uma mulher vestida de preto, com direito a véu e tudo, distribuindo bilhetes da megasena, hilário! Isso foi no Bloco do Boitatá.

- maior impecílio do carnaval: os vendores ambulantes que não pulvam o carnaval, muitos deles não estavam sequer em clima de alegria e chegaram literalmente a brigar com os foliões por espaço. Eita competição!

- melhor cantada: de um diabo querendo me converter (eu estava fantasiada de anjo), dizendo "vem transformar meu inferno num paraíso"... adorei.

- a pior cantada: de várias pessoas pedindo que eu as carregasse para morte, eu estava vestida de anjo e não de anjo da morte! tão deprê!

- o melhor bloco: CARIOCA DA GEMA (Teresa Cristina deu show), primeiro ano do bloco, poucas pessoas, marchinhas tradicionais, nenhum vendedor ambulante... Esse foi 10!

- o segundo melhor bloco: CACIQUE DE RAMOS, na terceira saída, terça-feira. talvez por ter sido o último desfile, tudo foi mais light, sem estresse dos organizadores em não deixar o povo invadir o bloco, eu invadi e amei, toquei tamborim e tudo mais... fechei o carnaval com chave de ouro.

- o pior bloco: LARANJADA SAMBA CLUBE. Razão: a música. Tocaram AXÉ, não aguentava mais ouvir POEIRA, e aquelas outras tantas da Ivete Sangalo, dei as costas no primeiro axé tocado. Um horror!

- o segundo pior bloco: BOLA PRETA. Razão: muito cheio, muito calor, muitos vendedores ambulantes, tava difícil até pra andar fora do bloco. Mas o Bola é o Bola, tem que ir e aguentar!

- a melhor pedida: depois de pular muito tomar aquela água com sabor de limão que parece sprite zero, amei aquilo, tomei litros.

- a segunda melhor pedida: cair de boca na esfirra da Rotisserie Árabe na galeria condor no Largo do Machado! Putz... delícia!

- a terceira melhor pedida: tomar café da manhã no ZOna Sul na praça São Salvador, voltando da folia, ou indo pra algum bloco... hehe!

- pior chatice do carnaval: a espuma jogada em cima da gente nos blocos, aquilo era um horror!

- o melhor samba: a música do Cacique de Ramos "vou caciquear até chegar a quarta-feira"

- a melhor marcha: a "TURMA DO FUNIL" cantada na praça São Salvador pelo bloco BAGUNÇA MEU CORETO

- o melhor descanso: a ida a Itacoatiara e ter ficado lá morgada na areia por toda segunda-feira de carnaval, mar calmo e sol quentinho... queijo coalho... hummmmm

- a melhor escola: BEIJA-FLOR, sempre!

Fica fácil torcer pra uma escola que sempre ganha... hehehe



- melhor companhia do carnaval: Lú (incansável como eu)


- planos pro próximo fim de semana pós-carnaval:

VER O DESFILE DAS CAMPEÃS
BLOCO MULHERES DE CHICO
DEMOCRÁTICOS c/ Roberta Sá

fevereiro 21, 2007

Manhã de Cinzas

Quarta-feira de cinzas, pés destruídos, dores por todo corpo e uma certeza de ter vivido o melhor carnaval de todos os tempos...

Pulei, sambei, beijei... freiras, diabos, alerquins, palhaços, índios... todos num mesmo ritmo nostálgico, o de viver um carnaval atemporal.

Eu vivi.

Acordando na quarta-feira, me deparo com um poeta ao lado, conversamos então, em tão pouco tempo, cerca de segundos até...já o sinto amigo, daqueles que carregamos pela mão ao longa da vida.

Ele me fala de algumas preferências e trocamos textos, impressões, poesias... prosa e verso numa manhã que era pra ser triste, quarta-feira de cinzas... com o céu nublado, um cinza que dá cor ao nome do dia... mas não... essa quarta diferente das outras é o começo, é colorida e tem o brilho do começo de um amor verdadeiro... daqueles que duram, duram e pronto.

Ele então me fala do texto do Gullar... o achei propício... resolvi mandar e postar aqui.

É isso, não quero mais ser presente, e sim apenas ficar e me estabelecer na lembrança, que com certeza restará.




CANTIGA PARA NÃO MORRER

(Ferreira Gullar)


"Quando você for embora,
moça branca como a neve,
me leve, me leve ...
Se acaso você não possa,
me carregar pela mão
menina branca de neve,
me leve no coração
Se no coração nao possa,
por acaso, me levar
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa,
por tanta coisa que leve já viva em seu pensamento,
moça de sonho e de neve
Me leve no esquecimento "

fevereiro 16, 2007

SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA CARNAVALESCA!!!

Pessoas amigas blogueiras, esse será meu último post pré-carnavalesco.

Pois é, vou cair na folia vesida de anjo ou de melindrosa, altas produções previamente pensadas e calculadas... hehehe

Hoje é dia do CONCENTRA MAS NÃO SAI, EMBAIXADORES DA FOLIA E CARMELITAS

Amanhã BOLA PRETA, CÉU NA TERRA, EMPOLGA ÀS 9, BANDA DE IPANEMA

Domingo é CORDÃO DO BOITATÁ, BANGALAFUMENGA, SIMPATIA É QUASE AMOR

Segunda é dia do CACIQUE DE RAMOS, VOLTA ALICE, BIP BIP

Terça será o SE MELHORAR AFUNDA, ZOOBLOCO, BAGUNÇA MEU CORETO, BAFO DE ONÇA...


e por aí vai...


Fiz uma planilha no excel, mas como não passei para todos (porque seria impossível)

... deixo o link para que todos possam se agendar


A PROGRAMAÇÃO COMPLETA ESTÁ NO SITE: http://www.samba-choro.com.br/carnaval/2007



BEIJOS PURPURINADOS,

Hi

fevereiro 15, 2007

Dança do acasalamento

Hoje cedo vindo para o trabalho passei por uma situação que me pareceu engraçada.

Trabalho em São Gonçalo, e para chegar no meu local de labuta, pego duas conduções, uma delas um ônibus que segue do centro de Niterói até o meu destino gonçalense...

Pois bem, quando entro no segundo ônibus, logo que passo pela roleta... um carinha de meia idade me dá aquela secada. Até ai tudo bem, tô precisando mesmo perder 2 kilos... Só deu pra perceber que o sujeito é um tipo comum, classe trabalhadora, camisa de botão barata e calça jeans surrada...

Olho para os lugares, e só tem banco vazio perto da janela na frente do tal sujeito.

Não dou a mínima para as olhadas dele, e sento. Ele baba.

Coloco meu fone de ouvido e me delicio com o meu som, tocava uma bossa nova bem calminha, light mesmo... quando algo inusitado começa...

Começo a ouvir susurros, tosses, batucadas... bocejos

e dava pra perceber que tudo era pra chamar minha atenção, olho meio de rabo de olho, o que seria aquilo?

o carinha começa a me olhar também, me percebo vigiada, ele repara na minha mão e no meu esmalte vermelho, chega perto da minha nuca e suspira...

Fiquei achando tudo mto engraçado e na hora me veio a imagem do pavão levantando a cauda pra chamar atenção da fêmea.

Chegou a hora dele descer, ele levantou e ficou parado em pé na minha frente, eu olhava pro lado oposto, ficava com a cara grudada na janela, não queria dar idéia...

nao era hora, não era o momento, não era o cara...

mas enfim, essa história toda me fez pensar em como nós, seres humanos, somos animais de fato, com os nossos instintos animais naturais modificados pela cultura...

cultura nesse caso me pareceu uma mera maquiagem, uma máscara que esconde a real vontade do animal, caçar e ser caçado... hehehe

fevereiro 14, 2007

VAGA PARA O CORAÇÃO

Em tempos de solteirice, as amigas blogueiras resolveram escrever um edital para preenchimento de vaga para o coração.


Gigi - Dentro da Noite Veloz
Silvinha - Diário de uma psicanalisada
Ana Pri - Cenas Marginais


Como não quero ficar de fora, resolvi fazer o meu edital.


Mas desde já é melhor fazer uma introdução... com o passar do tempo e tendo tido vários namoros fracassados e outros bem legais até, hoje em dia me pauto mais no que eu não quero, do que eu quero... é muito mais fácil avaliar o que foi vivido do que o que não foi...

Mas desde já é melhor fazer uma introdução... com o passar do tempo e tendo tido vários namoros fracassados e outros legais, hoje em dia me pauto mais no que eu não quero, do que eu quero... é muito mais fácil avaliar o que foi vivido do que o que não foi...

Ai vai:


VAGA PARA PREENCHER O CORAÇÃO DA HILAINE

Pré-requisitos:

- Ser heterossexual (e que não tenha tido outras experiências bizarras no passado, como pedofilia, travestis, orgias e afins)

- Ser um homem profissionalmente definido. Realmente namorar estudantes duros é pura perda de tempo. Pela falta de grana, pela incerteza, pela falta de planos... nada de viagens, nada de shows, nada de nada... é uó!

- Ser gentil (que possa ser gentil com todos, família, namorada, amigos), que possa exercer a gentileza como um bem, uma doutrina de fato, nada melhor que uma pessoa generosa ao lado

- Ser sensível, que chore quando der vontade, que endureça na hora que precise ser firme, que a sensibilidade não denote fraqueza.

- Tenha caráter e boa índole. Cansei de gente encostada, que explora a boa vontade alheia. - Coragem. Um homem forte, que usa da coragem e otimismo para atingir seus objetivos, que tenha ambição na medida certa, que não vá precisar fazer a namorada de muleta... e sim uma companheira, para andar junto e não sendo carregado por ela!

- Bom gosto. Ai entra o campo da música, literatura, cinema e artes... saber gastar o dinheiro em boa cultura, com bons livros e com bons shows... fazer planos para viagens culturais... saber aproveitar o que a cultura nos dá de melhor.

- Não ser preconceituoso (aí nem preciso detalhar, nenhum tipo de preconceito será aceitável)

- E o mais importante: que ele não seja neurótico, traumatizado, e que tenha boa relação com a família. Se o cara já vier choramingando no seu ombro corta logo de vez, ele ta precisando de uma psicanalista e não de uma namorada! Rs....

Primeira Entrevista:

- Saber olhar sem ser muito invasivo. Aquele olhar que parece que o resto do mundo em torno de você parece que fica meio opaco, tudo em volta fica meio apagado e sem cor, e você está iluminadamente colorida e ele só quer olhar pra luz, que vem de você...tem que me admirar de fato.

- Saber se expressar bem, saber construir bem as idéias e mostrar um mínimo de conhecimentos gerais, se tiver bom humor, um ponto a mais que será considerado na média final.

- Ter uma boa aparência, e isso significa ter bons dentes, cabelo em ordem (mesmo que a ordem seja a desordem, nada mais sedutor que um rapaz estilo desarrumadinho), usar roupas nem tão surradas, nem tão arrumadas, o tipo mauricinho realmente não faz a minha cabeça.

- Ter bom odor... sou uma moça que usa perfumes franceses, me acostumei com os bons cheiros, cheiros raros e clássicos. Não dá pra agüentar gatinho cheirando a rexona e axe...Se não der pra comprar um bom perfume francês que usem um nacional de primeira linha.

- Saber chegar sem ser inconveniente. Um homem que sabe se colocar, o timing certo para falar, calar, beijar, olhar... encostar... merece um prêmio. Os homens hoje em dia estão muito inseguros... adoro homem que tem peito e chega junto com classe.


PRA FICAR COM A VAGA:


- O beijo... ser doce, molhado e quente na medida certa. Esse é o primeiro passo. O segundo, terceiro e os demais... bem... tendo os outros quesitos descritos acima tem tudo pra ser show, a não ser que ele tenha o pinto pequeno, porque ai... bem, nem sendo um príncipe encantado ele vai obter sucesso, vai levar um chifre na primeira oportunidade... eu realmente desconheço esse tipo de situação.

ESSA É A BOA!


Clique na foto!

fevereiro 13, 2007

Aritmética

Uma das coisas que mais gosto de ler são os pensamentos da Fernanda Young, ganhei o último livro dela Artimética de uma amiga no meu aniversário e estou comendo o livro com farinha.

Não que eu a ache o suprassumo da literatura, e ela realmente não é, mas gosto das tiradas sarcásticas que ela dá, adoro as comparações e as observações sobre o ser humano, homens e mulheres vistos pela ótica metafórica da Fernanda.

Às vezes, eu a acho meio neurótica mas ela sabe como ninguém fazer comédia utilizando as próprias desgraças, assim, desfaz qualquer possibilidade de má interpretação de terceiros...

Ela é ela, e ponto final. Gosto disso, a Fernanda Young não tem compromisso nenhum em querer agradar os outros, assim como eu, sou gentil pelo simples fato de acreditar na gentileza, que é um bem, um valor interno humano que eu insisto em cultivar e demonstrar... (apesar das muitas vezes que quebrei a cara...)

Lendo logo a primeira página de Aritmética, me deparo com a seguinte frase:

"Minha grande e pior arrogância é que só tolero pessoas talentosas..."

É isso. Somos assim, tolerar é mais que conviver aguentando, é se submeter, e pra que nos submetamos precisamos admirar o outro, encontrar algo nele que nos faça conviver com as mazelas humanas... nada mais difícil e ao mesmo tempo nada mais prazeroso quando enfim encontramos a quem nos submeter, um talento de fato.

Vivemos assim, o céu e o inferno, a busca cessa... encontrar a grande mola que faz tudo funcionar, uma vontade de querer estar junto surge, descobrir até onde vai aquela criatividade e talento passa a ser mais que uma vontade... será nato? Será construído? Tento beber daquela mesma água, da saliva, numa tentativa que tudo seja passado pra mim por osmose.

Tentiva sempre frustrada, claro.

Até porque tenho os meus próprios talentos, e sim, sei exatamente quais são, além disso tenho plena consciência de como, quando e com quem funcionam. É fácil jogar com os nossos talentos quando temos plena noção onde começam e onde terminam. Sei os meus meios, as minhas pendências...

Observa-se o olhar admirado dos outros, presto atenção no que mais agrada, traço um perfil, e começo a negociação velada, só minha, uma verdadeira construção da imagem que eu tento passar, às vezes é o melhor de mim, outras vezes não.

Estar ao lado de gente talentosa é assim, um contínuo medo de perder. Esse é o inferno. A perda do outro, do talento do outro faz com que de repente a gente se sinta meio solto, meio só. Temos agora somente os nossos próprios pensamentos, e a busca por outro talento continua... outra visão, outros referenciais, outras certezas e verdades... nada mais instigante.

Adoro a fase da conquista.


É "algo como valor de se viver grandes amores, apesa de, em se vivendo, ficarmos condenados, também, a grandes desilusões."


Céu e inferno.

Pago o preço que for, à vista mesmo.

Até porque ter a certeza que a gente ficou, marcou uma pessoa, faz valer a pena mesmo quando não se continua a tal história. O tempo passa e me deixa no mínimo com o meu ego inflado, porque o outro dificilmente encontrará alguém como eu. Duvido.

Não é pra ser uma questão de saudade, não, nao rola saudade. E nem surge o sentimento do talvez, e muito menos da vontade de recomeçar e voltar, não é isso. Um talento descoberto e já decifrado já não vale mais à pena, acabou o mistério, simples assim...

Apenas foi, e uma outra história está para começar, a vida é assim, como dizem é uma imensa colcha de retalhos, eu prefiro pensar que os meus retalhos são as tais... pessoas de talento, as chamadas talentosas.

fevereiro 12, 2007

Música bem perto

E o meu encantamento por músicos continua... esses dias ouvi o termo "maria partitura"... achei graça.

mas não me cabe... pelo menos ainda não...

detesto classificações, apesar de ter achado muita graça nessa específica...

Mas confesso que não é proposital, quando eu vejo já estou eu lá, empolgada por algum artista...

São aéreos e passionais, nada mais ... explosivo.

Ai ai...

fevereiro 11, 2007

No mundo da Lua

Sobre a ida ao cinema...

Não sei se isso é coisa do meu signo, ou era puro relaxamento após ter tido uma excelente noite na sexta ou sei lá...

Só sei que quando estávamos tomando banho nas Paineiras, minha amiga me chamou para ir ao cinema... ver o que? não sabemos... a gente vê lá quando chega. Depois do almoço no Cervantes (nem preciso dizer que foi maravilhoso), decidimos descansar... o sábado tava começando e a noite seria longa. Eu tava com uma enorme vontade de ir atrás de um bloco de carnaval, então precisa repor as energias...

Dormimos um pouco, e fomos nós ao cinema, não sabíamos sequer aonde iríamos, no meio do caminho decidimos ir ao Estação em Botafogo, tem várias opções por la. Chegamos e compramos ingresso para ver um filme sobre infidelidade feminina, chegamos cedo, fomos ao sebo do estação, depois comprei pipoca e fui pra fila na porta da sala...
Depois de quase meia hora lá em pé, e estávamos reclamando horrores, ja tinha quase 30 min de atraso... chegou nossa hora de ter o nosso bilhete recolhido e para nossa supresa estávamos na fila errada, nosso filme passava em outra sala, e estávamos na fila do filme que começaria meia hora depois do nosso.

Hahahahahahahaa

Dei graças a Deus por ter pagado esse mico ao lado dessa minha amiga igualmente aquariana e igualmente aérea. Rimos da situação toda e pensamos logo na possibilidade de sermos chamada atenção caso tivéssemos em companhia de outras pessoas, no mínimo seríamos esquartejadas, rs...

mas vimos Elizabeth... mto bom por sinal, altamente recomendável, a atriz principal concorre ao Oscar de melhor atriz, e não que eu dê mto valor a essa premiação, mas realmente ela dá um banho de interpretação.

Mas ao comprarem o ingresso, certifiquem-se em qual sala o filme está passando, vai que vc´s se enganam e entrem em outro filme... Didi e a princesa Lili, por exemplo... acho que a troca não seria nada justa.

Codinome Beija-Flor

Sábado intenso, passeios em Santa Teresa, Paineiras, e no fim da noite, antes de ir a Lapa, resolvemos, eu e uma amiga, ir ao cinema.

Na ida, conversamos muitos sobre a vida, sobre sentimentos... aquele papo cabeça onde viajamos em cima dos últimos fatos que nos ocorreram, falamos em pessoas, nas que passaram por nossas vidas, e outras que estão entrando, comparamos as atitudes, tentamos explicar o inexplicável e assim, o ser humano passa a ser objeto de nossas análises, filosofia de botequim, apesar de estamos dentro do carro, longe de uma garrafa de cerveja... falamos sobre trocas, sobre privações, sobre prioridades, quanto toca Cazuza na rádio.

Rimos e olhamos uma pra outra daquela situação... tínhamos um ar meio de "eu te disse!"... pois é, ela disse, eu disse, Cazuza enfim, disse.

Paramos de falar, deixamos então nossos ouvidos passivos daquela idéia que está sendo cantada, o compositor é realmente perpicaz, e acerta em cheio. A letra começa e tudo está lá, o que acabávamos de conversar estava sendo cantado por ele...

Por que tem gente que se acha tão importante mesmo quando já passou e foi?
Por que tem gente que prefere se enganar e quer se fazer de bom moço mesmo quando não é, e mesmo quando não foi? Necessidade de ficar bem na foto????
Pura demagogia...
Quem é, é.
Não acredito em falácias e boas intenções, não acredito mais em idéias e vontades que não se comprovam e afirmam através de atitudes.

Então é essa minha resposta, não vou ser incoerente e demagoga pra ficar bem na foto, eu realmente não preciso disso, as ações falam por mim...

E, se pra bom entendendor meia palavra basta... espero que Cazuza fale por mim...

Salve Cazuza!



Codinome Beija-Flor
Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor

fevereiro 09, 2007

cadê o amor????

Escondidinho

"O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é."

Adélia Prado

Sexxxxta vai bombar! A boa de hoje:


fevereiro 08, 2007

Estar na moda tem limites









Recebi por email e achei coerente repassar. Vou pensar 2x antes de comprar na Cantão...
bj
Hi






Andando em borboletas

Andreia Fanzeres (07.02.2007)



Tomara que a moda lançada este verão pela grife carioca Cantão não pegue.

Batizada como "Flores que voam" e dita ecológica, a última coleção da marca teve como carro-chefe uma sandália com 16 borboletas brasileiras mortas dentro de um salto plataforma feito de acrílico.

Procurada pelo Ibama na última semana de janeiro, a Cantão não conseguiu apresentar nenhum documento que comprovasse a origem legal dos insetos. A autuação por crime ambiental aconteceu por acaso.

Segundo Rodrigo de Carvalho, consultor técnico do Ibama do Rio de Janeiro, uma servidora do instituto em Brasília notou numa revista feminina a foto das sandálias com as borboletas. Estranhou e contactou a fiscalização no Rio, onde a grife está sediada. Sem se identificar, Carvalho telefonou para algumas lojas e descobriu que ainda existiam exemplares no Leblon, bairro nobre da cidade. Uma equipe foi até lá, pediu nota fiscal que comprovasse origem das espécimes e registro da Cantão junto ao Ibama como comerciante de produtos da fauna. A loja não tinha nenhum dos documentos e foi multada em oito mil reais.

Foi um valor irrisório para a Cantão, que vendeu cada par de sandálias por 1.200 reais.

A empresa não quis revelar quantos pares foram fabricados, mas as vendedoras disseram que foram poucos e saíram como água antes mesmo da chegada do Natal. Carvalho lamenta um valor tão baixo para a infração.

"No Brasil, crime contra a fauna é considerado menor, de pouco potencial ofensivo, e o tipo de pagamento pelo dano pode ser feito por doação de cesta básica, por exemplo", diz o biólogo.

No dia em que a equipe do Ibama autuou a Cantão, os lojistas disseram que só havia mais um par das sandálias na loja. Os fiscais apreenderam o exemplar e levaram para a superintendência do instituto, onde, diz Carvalho, as espécies de borboletas serão identificadas.

Além da multa, a grife recebeu uma notificação para apresentar sua defesa até meados de fevereiro e explicar quantas sandálias foram vendidas, quem as produziu e a origem dos insetos usados como enfeite. Na loja da marca na Gávea, visitada pela reportagem de O Eco, jovens vendedoras exaltaram a criatividade da estilista Gisele Nasser, idealizadora dos calçados.

"As borboletas eram lindas, eram de verdade. As sandálias saíram até na revista Vogue!", disse uma delas, sem se dar conta de que seu uso representou crime ambiental.

A advogada da Cantão, Fernanda Mendes, garante que a grife tem como comprovar a origem legal das borboletas e neste momento reúne os documentos necessários a serem apresentados na semana que vem para o Ibama. "Elas vêm de um criatório de Santa Catarina", informou.

Mas ainda precisa verificar se a empresa está cadastrada no Ibama como comerciante de produtos de fauna, como exige a lei. Quem visita o site da Cantão se depara imediatamente com a sandália nos pés de uma modelo. Ao clicar sobre a coleção Verão 2007 é possível obter mais informações sobre Gisele Nasser e a poética justificativa para apropriação dos elementos da natureza:

"... buscando a liberdade como borboleta, bordando amores, sutis-tentadores, pousando cá e lá por esses cantos dourados de flores..."

A diferença é que a borboleta inspiradora acabou presa, morta e colada em acrílico sob os pés de quem pagou mais de mil reais por ela.

Vontades

Ando com uma vontade de ir a Buenos Aires... acho que vou tentar...

tenho gostado da idéia de beber vinho antes de dormir... malbec me parece uma excelente companhia em tempos de capirinha...

vou fazer um estoque de vinho, é isso, essa é uma boa causa para se ir a Argentina...

nada mais bonito que uma pessoa viciada em boas coisas: perfume fracês, bom sexo e malbec.

fevereiro 07, 2007

Elis, sábia Elis...

Dia desses estava queitinha na minha, trabalhando num relatório que deveria ser entregue no final do dia (portanto, estava atrasado), quando Gigi entra no bate-papo do gmail perguntando se eu queria ler um texto para que servisse de inspiração e assim fosse tema de algum post do meu blog. Ela afirmou que quando leu a tal declaração lembrou na hora de mim...

Aí vai:


"No dia em que alguém for reorganizar o seu fichário na pasta ou compartimento Elis Regina vai ter muito trabalho. Eu não tenho a menor intenção de ser simpática a algumas pessoas. Me furtam o direito inclusive de escolher. Sou obrigada a aceitar quem passar pela frente? Me tomam por quem, uma imbecil? Sou algo que se molda do jeitinho que se quer? Isso é o que todos queriam, na realidade. Mas não vão conseguir, porque quando descobrirem que estou verde, já estarei amarela. Eu sou do contra. Sou a Elis Regina Carvalho Costa que poucas pessoas vão morrer conhecendo." (Elis Regina, grifo meu)


Achei a declaração forte, inteligente, curta e direta. Perguntei a minha amadíssima amiga porque havia pensado em mim quando leu o tal texto. E ela simplesmente respondeu :"porque você, nesse caso é como a Elis, você faz com que os outros te engulam, você é você, simplesmente você é o que é: autêntica"

... acho que a Gigi tem razão, eu sou assim mesmo...mas ao mesmo tempo me parece que a Elis nessa fala me pareceu talvez beirando a inflexibilidade, com a expressão "eu sou do contra" ela deixa transparecer que mesmo concordando prefere não concordar, e talvez isso não seja a atitute mais inteligente e estratégica.

Prefiro ser o que eu sou, sem tirar nem por, mas ao mesmo tempo me agrada a idéia de mudar o tempo todo, não sou dada ao pragmatismo...e sou fiel ao meu jeito enquanto a nova forma perdurar e eu acreditar nela, porque não se muda por modismos, acredito numa transformação constante onde cada vez mais nos aprimoramos, prefiro pensar que aprendo com os enganos, com os erros e com os maus exemplos.

E esses têm sido muitos, enganos que são causados pela minha falta de experiência, ou pela crença nas pessoas, e consequentemente a gente acaba aprendendo que a melhor forma para se defender é se resguardar, não se mostrar por completo para qualquer gente, porque nem todos entendem e valorizam sua verdadeira essência, e parafraseando a Elis...

"Sou a Hilaine de Melo Yaccoub que poucas pessoas vão morrer conhecendo"

fevereiro 05, 2007

O Show do Fábio JR

Esse post é meio longo, mas vale à pena, garanto. A experiência foi reveladora, e muito marcante, não serei mais a mesma depois disso, e me renderá muitas histórias que serão contadas na mesa do bar...

Bom, o fim de semana bombou, conheci gente legal, sambei, mas indiscutivelmente o ponto alto, sem dúvida, foi o show do Fabio Jr.

Por favor, coloquem o queixo no lugar... (Hahahahaha)

Sim, meus caros leitores, eu e duas amigas, todas lindas e aquarianas, nos vestimos lindamente e fomos ao show do galã.

Eu já tinha uma certa noção do que iria encontrar por lá... mas nada chegava perto do que realmente se traduz quando se vai a um show de um sexy symbol daquele naipe.

Chegamos ao Claro Hall com 15 minutos de antecedência, e já no estacionamento, uma imagem já dava os sinais do que eu iria encontrar lá dentro, passou pela gente, uma jovem senhora... vestido crepe de seda, um rabo enorme rebolante, saltos altíssimos, bolsinha de veludo com alças de corrente dourada, cabelos com laquê... ela iria a um casamento suburbano?

Socorro...

Outro sinal dado antes de entrar no Claro Hall: uma placa na bilheteria indicando a entrada do camarote – CAMAROTE DA RÁDIO NATIVA.
Pra quem não conhece... essa rádio é a voz do povão, em frente do camarote, uma filha de mulheres, todas maquiadas de forma forte e feita de qualquer maneira, tudo meio borrado, muitos tamancos e muitos decotes e muita gente falsamente loira... credo!

Comecei a ver que estava no purgatório e que a própria visão do inferno estava por vir... e veio.

Claro Hall lotado de mulheres, eram cheiros variados, muito perfume misturado, gerações de mulheres indo ao show do Fábio, dava pra perceber que tinha além das mães, filhas e avós compartilhavam o mesmo gosto. Alguns homens estavam presentes, mas eram minoria, e me pareceram serem daqueles companheiros fofos, namorados e maridos que estavam ali para fazer figuração, por amor mesmo.

As pesssoas pareciam estar numa euforia sem igual, o clima era de excitação extrema, fiquei sentada atenta a tudo. Algumas mulheres tinham faixas na cabeça, com o nome do cantor escrito em letras brilhantes de purpurina, estavam todas ansiosas, a cortina do palco continuava fechada.

Quando de repente, dá-se início aos avisos, medidas de segurança, proibições, um verdadeiro bla-bla-bla que ninguém prestava atenção, elas queriam o Fábio...

A cortina se abre, a cenografia se apresenta, e era pavorosa. Uma teia meio mal feita no fundo, com umas luminárias em forma de diamantes penduradas por todo palco, parecia mais enfeites de escola de samba. O palco estava iluminado por umas luzes coloridas, vermelhas às vezes, outras eram brancas, e depois azuis... As mulheres todas começam a gritar, eu entro no clima também...

Fábio entra no palco, “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer...”
A mulherada entra em delírio, gritam, dizem “eu te amo” de forma alucinada como se o cantor a metros de distância pudesse ouvir, o chamam de lindo, e vi algumas dando pulinhos de alegria. Ele usava calça jeans, sapato claro, camisa branca e um blaiser cor de rosa bebê, o cabelo estava mais curto, nada de mullet... então, em nenhum momento o vi fazendo aquele movimento de sacudir o cabelo.

O Fábio Jr é na verdade um velhinho magrinho, pernas que se revelaram muito finas dentro de uma calça jeans justa... ele era também meio inquieto e dava pra ver que amava aquela bajulação feminina.

Logo depois cantou “Demorei muito pra te encontrar, agora eu quero só você”... bracinhos foram levantados e dançavam no ar de lá pra cá, como um ballet com as mãos (inclusive os meus, confesso), era a minha música favorita e ele canta muita bem, o jogo de luzes dá um tom diferente conforme a música... na minha opinião tudo de muito mal gosto... mas fazer o que? Entrei no clima.

Sobre as mulheres... posso afirmar que era a maior concentração de escova de meia idade por metro quadrado, a maioria loira, daquelas que pintam o cabelo em casa, um loiro meio cenoura, porque tintura loira que a gente compra de caixinha é bem diferente das do salão profissional. A maioria vestida como se fosse a um evento, um casamento, tudo muito bordado, muito canutilho, muito paetê, um verdadeiro show de strass e sutiãs de alça de silicone aparente.

Me diverti muito, cantei tudo que sabia, gritei em coro, fiz tudo que uma fã do Fábio faz, ou quase tudo... Ele para de cantar depois da terceira música, e começa a falar, tudo texto marcado, cheio de frases feitas, “eu é que amo vocês, se não fosses vocês eu não estaria aqui”... um blá- blá sentimentalóide que era cômico, será que alguém leva esse papinho a sério? Olhei pro lado... e vi que elas levam sim.

O show foi se arrastando, tinha horas que eu queria sumir, outras eu curtia... quando ele começa a cantar: “Senta aqui... Não tenha tanta pressa, senta aqui...” e toda vez que ele cantava “Senta aqui”, levantava a perninha magrinha e batia com a mão, a mulherada urrava... e era pavoroso ver a perninha magrinha levantada... e todo mundo achando maravilhoso! Será que eu sou crítica demais, olhei pra minha amiga que estava perto de mim, ela gargalhava horrores... sim, o Fábio Jr é um velhinho sem noção.

Até que ele foi pra um canto do palco, as luzes se apagaram e o palco ficou iluminado com os diamantes (aqueles que parecem enfeite de escola de samba), ele sentou num canto e acendeu alguma coisa, (eu pensei que seria uma estrelinha, já estava em cólicas na cadeira, será que podia ficar pior??? Pensei comigo mesma), mas não... ele acendeu um incenso... e começou a falar do pai dele, da oração que o pai escreveu, e ele rezou gente! Isso mesmo, ele fechou os olhos e rezou! Puta que pariu! Daí... começou...

“Pai, pode ser que daqui a algum tempoHaja tempo pra gente ser maisMuito mais que dois grandes amigos, pai e filho talvez...”

Nada mais previsível, o silêncio inundava todo o Claro Hall, as mulheres respeitavam a dor da perda do pai dele... depois de 25 anos o Fabio Jr chorou... ele chora todas as vezes que canta a música no show????? Sei, vou fingir que acredito, era tudo muito incenado, um artista de fato!

Ele troca de roupa, sai do palco tirando o blaiser rosa, a mulherada delira, os 5 negrões do backing vocal cantam umas musicas chatas e todas meio gemidas, uma coisa meio Ed Motta... “a noite vai ser boooooooaaaa... de tudooooo vaiiiiii roolaaaaarrrrr” e por ai vai...

Ele volta todo de cinza, um terno sóbrio muito bem cortado, volta enfim a cantar, e percebo que ele geme a cada refrão, e as mulheres suspiram, gostam do gemido dele... De repente, há um movimento e todas invadem a frente do palco e corredor, ele é puxado pra baixo, fica passeando na beirada do palco cumprimentando suas fãs, e um mar de flashes invadem o lugar, algumas sobem na cadeira, e eu subi também, eu queria ver o que estava acontecendo, outras se levantam e dançam...

O show estava chegando ao fim, um mulher invade o palco, cabelo loiro caxinha, na cintura, vestia calça da gang black jeans, e uma blusa roxa toda em paetês, ela agarra o velhinho e salpica um beijo de língua, segura a cabeça dele e enfia a língua mesmo, com força, ela é retirada do palco pelo segurança, outras tentam fazer o mesmo, é um festival de mulher agarrando o cantor, permaneço olhando tudo, na minha tentando registrar cada detalhe... morro de rir de tudo... era tudo muito inusitado.

Ele continua falando abobrinhas senso comum entre uma música e outra, um lixo parecido com o que Paulo Coelho escreve, fala em amor, em destino, em seres humanos em bem e mal... um horror...

O show vai chegando ao fim, foram quase 2 horas e um das experiências antropológicas mais ricas que vivi até hoje... talvez só o Wando mesmo pra barrar essa comoção, ou então o Roberto Carlos...

Fábio pega um buquê de rosas brancas, beija cada flor, se benze e joga uma a uma pras suas fãs, faz isso incessantemente até o ramalhete acabar...

Ele enfim se despede e agradece: "OBRIGADUUUUUUU"... a cortina se fecha, não há bis, ficamos esperando e nada, até que depois de alguns longos minutos esperando, cansamos e fomos pra casa. Eu ria o tempo todo, o melhor foram os nossos comentários na volta pra casa... gostamos do show, as minhas amigas já combinaram de comparecer ao mesmo show ano que vem, no entanto pra mim basta.

Além da diversão dos comportamentos femininos de meia idade observados naquele lugar... saí de lá com um sentimento de pena quando olhei para o lado na saída e ví muitos homens com seus semblantes cansados...me pus no lugar deles e fiquei com uma pena enorme dessa legião de bons namorados e maridos, que por amor às suas companheiras, tiveram que encarar não só o show do Fábio Jr, mas tiveram que aturar as suas mulheres gritando e urrando de tesão por um velhinho de perna fina.

fevereiro 04, 2007

Diários de conquista III

A noite prometia, Joana e Rosa, amigas de turma da pós-graduação, combinaram de sair pra dançar e beber todas. Se encontraram na porta de um bar em Botafogo, lugar apertadinho, meio underground, mas com uma qualidade musical inquestionável, resolveram deixar os sambinhas costumeiros e resolveram encarar uma noite de rock inglês anos 80.

Assim, deixaram as saias godês e os vestidos hippie coloridos de lado e vestiram preto... continuavam femininas, mas com um quê de femme fatale... abusaram no lápis preto, no decote ousado e no salto alto.

Joana chegou primeiro, vinha de Laranjeiras e ficou na porta esperando Rosa que morava em Copa. Eram amigas desde os tempos da faculdade e se reencontraram por acaso na turma da pós, ficaram felizes por estarem juntas novamente, e passaram a fazer noitadas nos fins de semana.

Rosa era muito descolada, mais do que Joana que era nova nesse tipo de divertimento. Ela sempre namorava caras muito calmos e caseiros, namoros longos e duradouros, viver uma vida noturna não fazia parte de sua rotina desde então. No fundo, se sentia meio peixe fora d’água, mas investia nessa nova fase, queria conhecer gente nova, lugares cheios e dançar até o sol nascer.

Enfim, Rosa chega pedindo mil desculpas pelo atraso, as duas entram e percebem que o lugar já estava bombando e a música rolando solta. Quando Joana percebe um carinha no canto, totalmente na dele. Gatinho que só... estilinho Lapa, barba, óculos de grau, cabelo volumoso, camisa preta básica... mas ele nem deu bola pra ela. Joana então, entregou-se ao som e curtiu a noite dançando com a amiga.

A madrugada já avançava, apesar das muitas investidas Joana não se interessou por ninguém, ficou com o tal gatinho na cabeça que a essa altura já tinha sumido do seu campo de visão, "ele já deve estar com outra" pensou. Decidiu relaxar e não beber todas, apenas deu uns goles na caipirinha de Rosa, o que foi o bastante para ficar meio altinha, dançou animadamente com sua amiga... cantou fazendo caras e bocas, se sentia feliz.

Quando a noite já estava quase chegando ao fim, Joana percebeu o tal gatinho de frente pra ela, ele dançava atrás de Rosa... ele a olhava incessantemente... ela percebeu e gostou, continuou dançando e cantando os refrões das músicas que conhecia.

Ele enfim encontrou uma brecha e foi se chegando, Joana começou a sentir um calafrio, no fundo ela tinha medo que ele fosse como os outros, do tipo que vão se chegando perguntando o nome, comentando sobre o tempo, ou qualquer coisa do gênero... Ela estava cansada desse papinho mela-cueca que os homens insistem em travar quando abordam as mulheres, nada mais nonsense.

Mas para sua surpresa, ele chegou pegando em sua cintura, dançou junto, colou o seu corpo no dela, ela sentiu a sua respiração, dançaram juntos por alguns minutos e então ele a beijou. Joana sentiu um gosto bom, não era cerveja, parecia ser o gosto dele... meio doce, meio molhado.

Beijaram-se longamente, e ela gostou da idéia de estar sendo beijada por um completo desconhecido, ela não sabia sequer o seu nome, enfim, ela quebrava as regras que sempre havia se imposto... pra que saber o nome, a idade, o que faz, onde mora??? Essas informações não cabiam naquele momento, isso decididamente não importava, a fantasia permeava sua mente, o bonitinho poderia ser o que ela quisesse... um guitarrista de uma banda de rock, ou então um monge recém saído no monastério... em sua mente, ela brincava com as hipóteses e se deixava levar pelas sensações.

Sentiu um tesão louco, e ele correspondia, sentiu o seu volume e isso a fez ficar mais empolgada com a situação toda. Muitos beijos depois, ele perguntou o que queria, conversaram pouco, e continuaram se beijando, era o qeu eles faziam de melhor. Ela ficou sabendo assim que seu nome era Eduardo.

Já era hora de partir, ele entregou-lhe um cartão que Joana prontamente devolveu, disse que não iria ligar, e não ia mesmo, não estava nos seus planos. Sentiu que muitas vezes por questões de educação as pessoas acabam por perguntar pelo telefone, e esse não era o caso. Na realidade, cansara de ouvir lamúrias de amigas que dão o telefone pros caras na noitada e ficavam a semana inteira esperando um contato, que não chega e nem vai chegar. Não queria passar por aquilo, então, fez um exercício e teve uma atitude mais honesta, disse abertamente a Eduardo o que pensava, ele riu, e concordou.

Pagaram a conta, e ele a deixou num táxi, iam para lugares diferentes. Ela pra Laranjeiras e ele pro Humaitá. Despediram-se demoradamente...

Ela estava feliz, havia tido uma noite agradável e inusitada, para ela viver algo tão descompromissado com alguém era novo, uma verdadeira quebra de paradigma.

Joana no fim de semana seguinte voltou ao mesmo bar com Rosa, esticou o pescoço várias vezes para tentar encontrar Eduardo por ali no meio da multidão, mas nunca mais se viram. Entendeu que aquela tinha sido uma história de uma noite só.

Até que...

Joana e Eduardo se reencontraram quase dois anos depois, semana passada, em um outro bar, em uma outra situação. Se reconheceram, conversaram e riram do que tinha acontecido anos atrás... ficaram juntos mais uma vez, mas isso já é uma outra história, que ainda está acontecendo e Joana não quer revelar... ela tem esse direito.

fevereiro 03, 2007

As crônicas continuam: Diários de conquista II

Diários de conquista II


Segunda-feira, meados de abril, era um dia com aquele climinha chato, chovia o tempo todo, uma chuva fina que incomoda, daquele tipo que não tem volume suficiente para abrir o guarda-chuva mas molha do mesmo jeito. Assim, Clara preferiu permanecer no escritório, estava cansada. Primeiro dia de trabalho logo depois do fim de semana agitado era assim mesmo. Entre um relatório e outro entra no messenger, um programa de conversa via on line.

Lá estava Vivian, sua amiga desde os tempos da faculdade, mas que as diferentes escolhas profissionais acabaram por fazer com que perdessem contato, no entanto para surpresa das duas, reencontraram-se para trabalhar em um projeto de pesquisa, fruto do acaso.

Vivian estava em casa, trabalhava em algum artigo final para uma matéria de seu doutorado. Cumprimentaram-se, mataram as saudades com as novidades, quando Clara contou para a amiga as boas novas, além do trabalho estar indo muito bem, ela havia terminado um namoro de anos, estava querendo somente se divertir e conhecer gente nova, Vivian então lhe faz o convite, haveria perto dali um coquetel em sua Universidade, garantiu que lá Clara encontraria o que procura: gente divertida e animada.

Clara querendo distância de algum tipo de diversão em plena segunda-feira recusou prontamente, desculpou-se e contou que o seu fim de semana já havia sido pra lá de animado, e que precisava descansar, quando Vivian insistiu sem cessar, e afirmou que se o tal comes e bebes estivesse chato e cansativo era só pegar a condução e ir embora pra casa. Em nome dos velhos tempos, Clara aceitou e foi.

Ela sempre andava arrumada, visual de escritório sem ser piegas, roupa da moda sim, cortes retos, cores vivas, modelagem básica e moderna, mas naquele dia chuvoso apenas usava um jeans e uma blusa estilo vitoriano de malha pintada a mão, estava meio descabelada e fazia a linha desarrumada, carregava uma bolsa esportiva cheia de livros, textos, cds... era seu kit viagem, procurava otimizar seu tempo dentro do transporte que pegava todos os dias, já que morava longe precisava gastar o tempo com algo que lhe era prazeroso.

Chegou ao evento e sua amiga estava lá, logo fez várias amizades, Clara é muito despachada e falante, tem histórias incríveis e sabe prender atenção de sua platéia, conversou, riu, quando se viu observada de longe por um rapaz que em nenhum momento disfarçou o seu interesse por ela.

Ele na realidade não parava de olhá-la, parecia hipnotizado e muito certo do que queria, ela percebeu e ficou envergonhada, no fundo, ela é tímida no quesito sedução, talvez fosse insegurança, e numa tentativa de se sentir mais à vontade, virou-lhe as costas para ficar longe do seu campo de visão.

Ele tinha um meio sorriso estampado no rosto, segurava um copo de cerveja na mão. Ele passou por ela, os dois se entreolharam. Mas Clara foi aguçada pela curiosidade, sim, como toda boa mulher ela é curiosa, perguntou para Vivian quem era o tal, a resposta veio imediatamente, como Clara previa ele era estudante daquele instituto, e dizia ser gente boa.

As amigas olharam o rapaz de longe, meio que avaliando e ponderando seu comportamento, será que ele está mesmo interessado ou era coisa da cabeça de Clara? Ele percebeu o interesse dela, enfim ela havia demonstrado algum interesse, trocaram olhares, Clara abaixou a vista. “Putz, ele viu! Merda!” pensou. A amiga confirmou o que Clara supunha, agora era esperar para ver o que ia acontecer, como ele iria se aproximar.

Algumas pessoas foram embora, o grupo diminuiu, e formou-se uma grande roda de bate-papo que ficou bem animado, o rapaz participava enfim da conversa, até que foi apresentado a Clara, “Vitor, muito prazer”, que não tardou a perguntar sobre o curso que Clara fazia, o tema de suas pesquisas, onde trabalhava, etc, etc, etc... Vitor finalmente havia encontrado um meio de chegar perto dela.

Os outros amigos começaram a tirar fotos, e eram muitas, flashes por todos os lados, poses mil... e logo o mais novo amigo de infância de Clara , Daniel...um rapaz que ela acabara de conhecer e por ser gay logo se entrosaram como nunca, pediu para tirar uma foto dando selinho, ela fez-lhe a vontade, deu o beijo. Logo outros se animaram, ela cedeu. Não era dada a andar em grupos tão animados, mas não estranhou, entrou na brincadeira, quando Vitor pediu um também, pra ele não. “Havia muito interesse e ele podia se aproveitar disso”, pensou cheia de vontade.

Apesar de Clara parecer moderna porque a sofisticação é algo valorizado por ela, tinha uns pensamentos e uns valores antiquados, nunca tinha brincado de salada mista quando criança e fazer isso aos quase 30 anos parecia ser nada apropriado. Não deu o beijo. Desconversou rindo.

Vendo a hora já avançada pensou em ir embora, já era tarde e a chuva apertava. Decidiu que já era hora, todos reclamaram, queriam a companhia da mais nova atração do grupo, mas ela já estava decidida, quando Vitor num ímpeto gentil se convidou para levá-la ao ponto de ônibus, ela aceitou.

Ele segurou o guarda-chuva, foram juntos até a rua seguinte onde passavam os coletivos, sentaram-se num daqueles bancos que não trazem conforto algum, e ele começou a contar um pouco de sua vida, de onde era, o que estudava, falou de sua família e mostrou a foto de sua filha, ela o achou engraçado, porque ele estava acelerado e deu tantas informações que não cabiam naquele momento, mas ouviu tudo com bons ouvidos, gentileza é uma marca de Clara.

No fundo ela se indagava até onde chegaria aquilo tudo, a chuva cessara, pessoas estavam no mesmo ponto de ônibus, era uma rua movimentada, será que em algum momento aquele rapaz tomaria a iniciativa de beijá-la? Ela começava a duvidar, porque apesar de estar falando sem parar ele parecia ser do tipo tímido. Ela esperou, e ele nada.

Clara no intuito de facilitar a vida deles, o chamou para sentar mais afastado das outras pessoas que ali esperavam seus ônibus, até que ela tem a idéia de ir avisando quando seu ônibus passasse, (e ela já tinha contado uns 3 perdidos)... ele pediu para que ela ficasse, mas sem sucesso ele viu que teria que ser ali naquele momento, ele segurou enfim no seu rosto e a beijou.

O nariz dela estava frio, e o beijo fez com que tudo se esquentasse por completo, beijaram-se longamente, de forma meiga, sem excessos, no ritmo certo, do jeito que ela se sentiu em casa, confortável. Ela pôs a cabeça em seu peito, ele fez carinho em seus cabelos despenteados, ela acariciou a barba volumosa, achou curiosa aquela sensação, nunca havia beijado alguém que usasse barba, gostou da experiência.

Ele diz que ela tem olhos de Capitu, olhos de ressaca... porque são puxados e caídos, olhos meio tristes talvez... e revelou que quando a viu, pela primeira vez, entrando na universidade a comparou com um quadro renascentista, uma madona italiana de carne e osso. Ela riu dele e de suas comparações, eram metáforas no mínimo pitorescas, ela gostou disso.

Enfim, ficaram por um tempo ali no meio do frio, no meio de tanta gente desconhecida, Clara sentiu algo diferente surgindo ali. A condução dela chegou e apesar da insistência de Vitor ela teve que ir embora. Entrou na van, sentou e quando a porta ia se fechando ela viu o semblante dele inconformado por tê-la deixado partir, ele apenas ergueu a mão ameaçando um sinal de adeus, ela riu. O carro partiu.

Um sorriso congelado ficou estampado, naquele escuro dentro do transporte arrependia-se de tê-lo deixado, procurou consolo no seu discman, colocou um cd qualquer, não dava pra enxergar qual teria sido o escolhido. Quando começou a tocar viu que era bossa nova ...Tom Jobim na voz de Elis... “só tinha de ser com você”, realmente concordou com a letra, repetiu a música várias vezes, entrou na ponte Rio- Niterói, já se sentia em casa, adorava aquela imagem...olhou pela janela, tudo iluminado, a cidade ao longe linda. É, concordou mais uma vez com a mensagem da música, só tinha que ser com ele, só com ele.

fevereiro 02, 2007

"- Essa história é baseada em fatos reais"

Diários de conquista I

Era uma sexta-feira, fim de expediente, a hora já estava avançada, mas fim da semana é assim, tudo fica acumulado. Clara, mais velha, já beirando os 30, trabalhara incessantemente num projeto que iria concorrer a um financiamento, Emily que a acompanhava na volta para casa tinha vinte e poucos anos, estagiária, estudante de jornalismo, estava esgotada pois fechar a redação é difícil pra todos, e ela estava exausta.

Pegaram o mesmo ônibus, quase não falavam, o que era raro, as duas sempre encontravam assunto para tagarelar horas a fio, sentaram no coletivo, cansadas... só tinham forças para reclamar do cansaço, dos prazos, mas um sentimento de tarefa cumprida era nítido... saíram de Botafogo, passaram pelo Flamengo, Glória, quando passaram pela Lapa, as cores brilhavam ao longe, eram muitas luzes, e como duas mariposas à noite atraídas por aquela sedutora luminosidade, olharam uma para a outras e disseram ao mesmo tempo “vamos?” a resposta veio de imediato: “vamos!”

Desceram do ônibus num rompante, enquanto atravessaram as ruas tomaram os seus celulares em punho e ligaram para as suas casas, avisando do possível atraso, ou da ausência naquela noite. O que fazer agora? O mundo pertencia a elas duas, pra onde ir, com quem ir, o que beber, precisavam de uma dose de álcool, mereciam comemorar toda aquela semana árdua de trabalho, elas mereciam uma noite de relax total. Sentiram-se enfim, livres.

Entraram num bar da moda. Clara pediu uma caipirinha e Emily um chopp, começaram a rir da situação, era a primeira vez que faziam um programa noturno juntas, em outros tempos eram só amigas de ida e volta para a casa ou almocinhos nos shopping próximo a empresa que trabalhavam... As bebidas não tardaram a chegar, o bar estava lotado de gente do tipo alternativa, rapazes barbudos, meninas que usavam saias amassadas de cinturas baixas e sandálias rasteiras, típicos freqüentadores da Lapa.

Estávamos um tanto outsiders, com roupas de escritório, meio arrumadas demais para o clima daquele lugar, mas e daí, quem se importa?

Clara naquele dia havia comprado o jornal, nunca faz isso, não é de seu hábito ler jornal, ela os considera muito partidários e sujos, odeia aquela poeira da tinta que sai do papel, prefere manter-se informada através de revistas e jornais publicados na Internet, mas naquele dia, parecia que estava adivinhando que haveria seria diferente e poderia precisar de uma dica para a noite, e foi o que aconteceu.

Havia duas possibilidades, Fundição Progresso que teria Monobloco como atração ou então Clube dos Democráticos, onde haveria a Roberta Sá cantando marchinhas de carnaval. Emily preferiu a primeira opção, e Clara a segunda. Foram para o Democráticos.

Chegaram cedo, o lugar grande demorava pra encher, resolveram sentar, pedir algo para comer... batata-frita, claro. Clara logo que olhou para o lado avistou alguns conhecidos dos tempos da faculdade, sentaram-se todos juntos e falação tomou conta da mesa.


Quando de repente, as luzes do palco se iluminam, o lugar continuava vazio, a maioria das pessoas estava sentadas, e só de ouvia o zum-zum-zum animado das conversas, uma espécie de torre de babel, todos se entendiam, e ninguém discernia nada...

Clara percebe um rapaz a fitando, ele não se aproxima, passa de um lado para o outro com olhar fixo no dela, dando a impressão que os dois já se conheciam, ela lembrou dele. Haviam se conhecido no Circo Voador tempos atrás, coisa de pouquíssimos meses, no show do Alceu Valença. Ela riu e ele também, de longe.

Emily logo percebeu o que estava acontecendo e indagou a amiga... que contou prontamente. Emily vibrou com a situação uma vez que Clara tinha acabado de sair de um relacionamento penoso e se dar uma chance para uma nova conquista parecia ser no mínimo, muito saudável, uma forma de mostrar que as coisas já estavam se ajeitando. Apesar da alegria evidente no rosto de Clara no seu dia a dia, ela tinha sofrido muito, somente as amigas confidentes sabiam o que se passava no interior de Clara: dor, tristeza, decepção e uma sede por liberdade.

Por causa desse sofrimento tão recente, Clara sempre suspeitava de quem se aproximasse dela com intuito de conhecê-la intimamente, uma forma de defesa e auto-proteção em tempos de selvageria sentimental. Realmente se envolver não estava em seus planos.

A música começa a tocar, e as pessoas do lugar continuam nos seus assuntos de mesa de bar, animação e filosofia barata, acompanhados por cerveja e batata-frita. A mesa de Emily e Clara não poderia ser diferente... eram muitas gargalhadas e expectativas com o show que haveria de acontecer em poucos minutos. Quando Clara se dá conta, o sujeito está sentado em uma mesa em frente a dela, estava ele na reta do seu campo de visão,

Ele a encarava objetivamente, ele a desejava e ela percebia e gostava do jogo de sedução... até onde haveria de chegar ela não fazia idéia, mas interessou-se pela forma como tudo estava sendo conduzido...nem tanto por tê-lo achado atraente, isso ele não era, mas o que lhe chamou atenção foi o topete do rapaz de tê-la desejado, no fundo ela ouviu tudo o que ele queria dizer através daqueles olhares, uma telepatia genuína.

Quando Clara decide enfim dividir a telepatia com a amiga, ele levanta e caminha em sua direção, estende o braço e manda “você me daria o prazer de abrir a pista de dança comigo?” Ela não pensou duas vezes, foi.

Eles começaram a dançar em silêncio, ela tinha medo de errar o passo e prestava atenção nos movimentos do parceiro de dança, quando começaram a conversar, ele puxou conversa e ela contou que havia se lembrado dele do show do Alceu... ele ficou abismado com a memória dela, porque já havia se passado mais de 5 meses, sim, ela lembrou perfeitamente... descreveu a roupa que ele trajava, ele riu e acreditou assim que ela realmente falava a verdade.

Dançaram a noite toda, viraram parceiros de dança e contra-dança, Clara permaneceu anestesiada, estava se divertindo, não por ele, mas por ela... ela estava num clima ótimo e a companhia era somente um detalhe, mas uma vez disseram que a beleza está nos detalhes, então, num esforço descomunal, percebeu que precisava captar cada imagem, cada palavra, cada passo de dança, porque só assim ela poderia um dia contar essa conquista, como estou fazendo agora.

Clara fica receosa de beijar-lhe a boca, ele tenta, pede, tenta convencer... ele a chama de irresistível, ela nem concorda tanto mas gosta, se acha bonita, mas não a ponto de ser irresistível. No entanto, o clima contagia... suor, música, corpos... ela cedeu. As línguas invadem assim as bocas um do outro, saliva com gosto de cerveja e suor, delirantemente gostoso. Os corpos permanecem em movimentos, passos marcados embalam o beijo que demorou quase uma noite inteira para acontecer...

A dificuldade que ela impôs faz com que tudo seja mais valorizado, ela quase não fala dela ao longo da noite, a boca permanecia ocupada demais, e palavras não combinam com música alta, prefiria ouvir e deixar-se levar... e assim fez até o sol raiar.

Amanheceu e as duas voltaram para o seu roteiro de origem, voltaram para casa às 7h da madrugada, pegaram o ônibus que deveria tê-las servido na noite anterior. O sentimento de dever cumprido ainda pairava em suas mentes, só que agora somada a expectativas de duas novas conquistas, sim, Emily também teve sua boca invadida por uma outra língua, uma língua alheia.

Combinaram de fazer muitos programas como aquele. Não ligaram para o cansaço, não se importaram de passar uma noite em claro, porque uma noite perfeita como aquela merece uma repetição. Merece um bis... bis, bis, bis.

fevereiro 01, 2007

Notícias, novas, news

Olá meu povo amado, meus caros 5 leitores, venho por meio dessa me desculpar.

Sei que ando vacilando e pouco escrevendo nesse espaço democrático internético, mas é que a vida anda corrida demais... não, não é uma desculpa qualquer, mas o trabalho me consome, a tese me consome e a diversão tem tido espaço nobre na minha agenda.

Como falei num dos posts antigos, manter dezenas de amigos é um custo alto, que eu adoro pagar, pago com satisfação, com carinho, atenção, presença, e alegria. Não sobrando tempo para coisas mínimas como escrever neste blog, fazer depilação nas pernas ou arrumar meu armário.

Meus gatos, ao contrário dos amigos-humanos, têm sofrido bem mais, me seguem pela casa a procura de um afeto, que não vem, pq sempre que estou em casa é para dormir e fazer coisas relacionadas a assepsia corporal (banho, por exemplo)... os felinos sofrem, minha mãe reclama e meu pai já decorou meu número de celular (nota: ele tem 82 anos).

Vejo minha irmã 1 vez por semana (ela mora na mesma residência que eu), fiz algumas amizades no trabalho, o que é uma boa saída estratégica quando se trabalha longe do toda sua rede de relações, e quando há oportunidade numa noitada para uma possível relação carnal, penso duas vezes, será que o tal carinha vale a pena, eu vou ficar presa ao sujeito a noite toda, vou deixar de dançar as músicas que eu gosto pra beijar uma boca qualquer????? sei não...

O tempo não pára e Cazuza realmente é um sábio, durmo menos que deveria, uso cremes caros para corrigir as horas a menos dormidas, aprendi a mágica de uma boa base, um bom baton e um óculos escuros poderosos...

O dia não rende, passei a comer menos e a otimizar o tempo que tenho livre, corro pra ter descanso, que não chega, pq quando tenho tempo livre, me divirto, e tenho me divertido no samba. O carnaval tá ai, preciso ver uma fantasia urgente. Mas qual?????

Talvez coelho, pensei naquele coelho da Alice no País das Maravilhas, combina comigo, correndo sempre, apressado, pra ver se dá tempo, que ele mesmo não sabe pra que, porque, ou com quem...

Quero ter mais tempo, é pedir muito????

O dia poderia ter pelo menos mais umas 4 horas, e se tivesse, eu gastaria todas com quem mais importa:

(isso mesmo)

EU!